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Anselmo Heidrich

Defendo uma sociedade livre baseada no governo limitado e estado mínimo.

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terrorismo

Brasil e Suécia: semelhança na estupidez

Ontem, a Suécia foi atacada em várias cidades. Apartamentos, escolas, hospitais foram alvos, carros foram incendiados e menos de 6 terroristas (tem algum nome melhor?) foram detidos. Descrição dos indivíduos? Nenhuma. E quando é assim, podes saber que são imigrantes ou descendentes de. Não se trata de preconceito ou discriminação, essa é a política do país de miolos-moles em que se transformou a Suécia. E não é de hoje.

Lembro-me quando discutia isso questão de um, dois anos atrás e um desses cegos, um brasileiro que migrou para aquele país logo se defendeu dizendo que o Brasil é muito mais perigoso e violento. Ora! Bem sei eu disto. Maior número de homicídios do mundo, capitais brasileiras entre as cidades mais violentas do mundo etc. Mas não se trata disto, de comparar o que é melhor e o que é pior, mas de como e porque eles, cidadãos de um país de altíssimo nível passam por um processo de franca decadência em sua qualidade de vida. 

Se conversar com um sueco é bem possível que encontres um dos tipos mais politicamente corretos que existem. Ao mesmo tempo que pesquisas de opinião apontam uma população feliz, ela também se descreve, humildemente, como um povo que não põe sua cultura em posição hierárquica superior. E eu acredito em sua sinceridade. Não estou sendo cínico ou irônico, acho que realmente atingiram um estado de consciência coletiva admirável, mas esse bom senso não é imune a um “bom mocismo” que trouxe fragilidade e insegurança a sua sociedade.

Quando se fala em Síndrome de Estocolmo, comportamento descrito após uma cidadã sueca ter sido sequestrada e nas negociações adotar o ponto de vista e defesa dos sequestradores pode se concluir que não é algo de hoje, não é algo que se possa descrever como um “fenômeno pós-moderno”, não! Uma coisa que precisa ficar bem clara é que ideias de hoje regam o solo de ações futuras.

Como que se pode achar que invasões à propriedade em um país como o Brasil têm aceitação de parte da população que também tem suas propriedades privadas?! Isto foi disseminado por intelectuais, professores, artistas, juristas que foram alunos daqueles professores, formadores de opinião, produções culturais, filmes, peças, músicas etc. que popularizaram e massificaram ideias de vitimização de parte da sociedade em relação às “elites”, essa névoa conceitual que basta ter mais recursos que “o outro” para ser enquadrado como tal.

E por que vocês acham que este tipo de pensamento infecto que parece expandir colônias de fungos no cérebro de imbecis é exclusividade tupiniquim? Não, não é. Por sorte histórica, talvez meramente cronológica, a mentalidade vitimista não chegou antes do ímpeto industrial e comercial dando tempo para países como a Suécia se desenvolverem. A diferença entre nós, brasileiros e eles, suecos neste quesito em que a ideologia da “justiça social” como mera transferência de renda, indenização da “dívida histórica” e cotas, cotas e mais cotas para as supostas “vítimas” é que os suecos têm seus imbecis endinheirados e os brasileiros seus imbecis pauperizados. Mas tanto em um como em outro caso, a falta de conhecimento amplo das relações sociais em diferentes sociedades e épocas fez ambos os grupos, uma bela massa de manobra.

No Brasil se acredita que os ricos do setor privado, pois do setor público não são sequer vistos como tais têm a obrigação de prover com mais recursos os pobres e etnias que carregam o estigma de “injustiçados”. Na Suécia há uma culpa presente no tecido social de que eles devem fazer algo para compensar as “injustiças históricas”, muito embora aqueles tontos não tenham tido colônias de além-mar para explorar na Idade Moderna.

O resultado está aí, enquanto nós brasileiros temos leis frouxas e um garantismo jurídico que permite visitas íntimas e auxílio-reclusão maior que o salário-mínimo, o sueco chega a pagar mais pelo auxílio aos refugiados no seu país do que tudo que é gasto com segurança pública. Enquanto suas cidades são vítimas do caos generalizado imposto por gangues dos “indizíveis”, já que a politicamente correta imprensa sueca se recusa (e deve ser obrigatório) dar nome aos bois, aqui em Pindorama, a diluição da violência é tamanha que estamos acostumados a cifras de homicídios dignas de guerras civis.

A frieza dos números ainda aponta a Suécia como muitíssimo mais segura do que o Brasil, nunca neguei isto. Números são números, mas só um cego, ignorante, imprudente e moralmente incapaz de ver o risco que seus filhos correm para fechar os olhos a tormenta que se avizinha. Só espero que inocentes não paguem com a vida ao serem atingidos por seus raios.

Anselmo Heidrich

14–08–2018

Por que o Sudão se tornou um aliado dos EUA?

The Economist explains: Why America has lifted sanctions on Sudan https://www.economist.com/blogs/economist-explains/2017/10/economist-explains-7?cid1=cust/ddnew/email/n/n/20171010n/owned/n/n/ddnew/n/n/n/nla/Daily_Dispatch/email via @TheEconomist

Esse é o tipo de notícia que nossos partisans ideológicos deveria ler e ver se captam alguma coisa. Ouvi e li muito que “com Trump seria tudo bem diferente”. Pessoal, até certo ponto, ATÉ CERTO PONTO podem haver mudanças, realmente, mas há temas sensíveis que isto simplesmente NÃO ocorre não porque o presidente – @POTUS – não quer, mas porque ele não pode, porque ele não consegue. Tentou-se diminuir o fluxo de imigrantes muçulmanos, principalmente aqueles relacionados de alguma forma à atividade terrorista e neste caso estava o Sudão. Este país sofria embargo econômico desde o governo Clinton por ter dado guarida à terroristas, entre os quais Osama bin Laden e depois foi reforçado pela guerra civil e genocídio praticado contra os sudaneses do sul (“infiéis”, isto é, não muçulmanos). Mais tarde, com a mudança política, colaboração contra o terror e amenização nas relações com os vizinhos, parceria na exploração de petróleo com a China, colaboração no controle migratório para a Europa etc., o país saiu da lista de não gratos para sofrer sanções novamente com o Governo Trump. Mas, UMA VEZ QUE Cartum, a capital do Sudão decidiu colaborar contra o regime norte-coreano se tornando um aliado contra Kim Jong-un com o qual se aventa ter mantido relações estratégicas no passado (compra de armas), o olhar de Washington sob o governo Trump mudou novamente.

Lembre-se, por mais potência que você seja, o domínio é uma constelação de interesses e articulações. Sempre existe um cálculo econômico no domínio geopolítico e ninguém faz procurando o caminho mais difícil ou caro. Trump está aprendendo e mudando COMO TODOS os outros, descendo do palanque e sentando à mesa de negociações.

Anselmo Heidrich

Por que a Polônia não teme a União Europeia nem a Rússia?

A Polônia é vista como um oásis contra o terrorismo dentro da Europa, mas por quê? Por que o país adota uma política extremamente restritiva (e declinante) com a entrada de imigrantes e, discriminatória, o que é seu direito, diga-se de passagem, contra os muçulmanos. Mas a política da União Europeia vai no sentido contrário, certo? De impor uma agenda em que todos seus membros abram as portas aos imigrantes, no caso, refugiados de guerra que hoje se tratam, sobretudo, do Oriente Médio, como Iraque e Síria. Não por acaso, daí que vem também uma minoria de “células terroristas” que ameaçam a ordem e a paz nos países que os acolhem com diversos benefícios (renda, emprego, moradia, estudos etc.). Que fique claro, mesmo que seja minoria, estamos falando de centenas, se não milhares, pois a entrada de refugiados se trata de milhões. Mas então por que a Polônia não se submete aos ditames da União Europeia? Podemos sugerir seu forte apego ao catolicismo, mas é mais do que isto: os poloneses têm uma história recente de luta contra um inimigo muito mais forte, a URSS e, hoje em dia, o mesmo se dá com a Rússia. Claro que a força material que obtém vem de um detalhe não menos importante: sua posição estratégica.

Neste artigo, Borderlands: The View Beyond Ukraine | Stratfor, George Friedman mostra as estratégias de curto e longo prazo a serem adotadas pelos EUA contra a Rússia. Muito interessante o papel de três países formando o novo “cordão sanitário” no leste europeu e oriente próximo, Polônia, Romênia e Turquia. O 1º e último são conhecidos por seu papel fundamental na contenção do poderio russo, mas me surpreendi pela guinada do 2º em direção ao ocidente. Outro país que reavaliou sua aliança recente com os russos, com relação ao transporte de gás pelo sul foi a Bulgária… Parece que as chances de Moscou buscar alternativas para reforçar seu papel de contrabalançar o poderio alemão e americano na Europa estão diminuindo mesmo. Mas, o autor deixa claro que Washington não busca o confronto e sim uma carta na manga, caso o confronto com a Rússia em solo ucraniano se acirre criando uma nova (mini-)guerra fria. Fica claro que o tempo russo é curto, que Moscou busca diversificar sua economia no prazo de 10 anos e, sinceramente, isto parece muito difícil. O que a Rússia oferece ao mundo além dos seus hidrocarbonetos e armas, dois negócios tipicamente sujos que mexem com governos e suas alianças espúrias?

Anselmo Heidrich

 

Por que as hashtags não estão funcionando?

“Que estranho, as hashtags não estão funcionando…” poderia ser uma legenda para a imagem. Afinal, dá tempo?! Mal acontece um atentado, outro já está em curso, quando não concluído mesmo. Se esta tendência perdurar, a única hashtag que firmará será #PrayForTerrorism, pois é o único que tem se mantido mesmo. Alguém entende por que países com tamanha força não reagem e atuam preventivamente?

Anselmo Heidrich

Ataque Terrorista em Londres

Christine Arquibald, uma das tantas vítimas na cidade de Londres, mortas atropeladas ou brutalmente esfaqueadas em nome de Alá.

“Isto é para minha família, isto é para Alá” dizia o terrorista enquanto esfaqueava 10 ou 15 vezes uma menina em Londres, dois dias atrás. A rotina de terror brutal faz parte da capital britânica, que já foi um farol do mundo livre e hoje se vê em pleno ataque aleatório, três em três meses. Mas o que mais me deixa atônito não é a brutalidade e insanidade de quem perpetra tais ataques, mas sim a apatia de quem os recebe.

SADIQ KHAN, prefeito de Londres, na noite da tragédia disse que ainda não se tem muitos detalhes para informar (ah tá…), mas vou facilitar: atentado em Londres, na área da London Bridge com sete vítimas fatais confirmadas até então e outras tantas feridas. Alguma dúvida sobre a autoria? Então vamos por nossa imaginação para funcionar:

 

“Terroristas de origem ……………………………… conduziam uma van em alta velocidade e deliberadamente atropelaram infiéis, ops! Digo, pedestres na Ponte de Londres e ao chegarem no lado sul saem correndo aos bares de uma quente noite de verão para atacar os frequentadores dos bares e pubs da região esfaqueando-os.”

 

Mudar para Europa? Esqueça. Não mais. Prefiro morar em um país politicamente insano como o nosso, mas que não sou condenado por apontar o dedo para o bandido do que conviver com cidadãos apáticos que nutrem simpatia por seus algozes. Como já me disse um brasileiro que emigrou para a Suécia sobre os estupros cometidos por imigrantes de uma certa religião, “Anselmo, para nós aqui isso é um problema menor”. Então tá, só espero que esse “problema menor” nunca atinja um inocente próximo a ti que pagará por tua ignorância.

O que podemos fazer? Nos dividir em religiões? Não, mas podemos sim exigir que os templos de todas as religiões sejam condenados quando permitirem o incentivo a qualquer tipo de menção de “luta contra os infiéis” ou “luta pela religião”. O que tem que ficar claro, claríssimo é que o mundo secular resolve suas disputas na política e a democracia é o único modo de exercê-lo. Se não está de acordo, se não se sente apto, retorne para de onde veio e se nasceu na terra em que cometeu tais atentados, vá embora! Vá em busca de seu paraíso, mas bem longe de nós.

Anselmo Heidrich

A Submissão começa na aceitação da Mentira

Anselmo Heidrich

Acusam a Direita de ser extremista. Acusam ocidentais de incentivar o extremismo. Denunciam críticos do Politicamente Correto de serem insensíveis e discriminatórios, mas o que vemos, na realidade são ações extremistas de quem deveria aceitar as regras de civilidade que são sim discriminatórias contra a barbárie e a injustiça. Enquanto não adotarmos a linguagem direta, sincera e verdadeira seremos continuamente dominados pela mentira, pois a submissão começa na palavra. Aproveite, imagens como a que se vê acima dificilmente sairão em um jornal que prima pelo linguajar politicamente correto, como faz a GloboNews pondo em cheque se os atentados são obras de muçulmanos. “Ah! Mas nem todo muçulmano é assim…” É verdade, assim como nem todo cristão é adepto da KKK ou endossa as Cruzadas, mas a verdade é que em número há mais adeptos hoje de culturas que não aceitam a laicidade (separação entre estado e religião) e, cujas escrituras falam abertamente em Guerra Santa. E não me venham dizer que se trata de linguagem figurada, pois para fanáticos, hipérboles, metáforas e figuras de linguagem são mensagens reais e objetivas.

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Jornalista do canal The Rebel desabafa sobre o atentado de Manchester e põe, na verdade “acarca” o dedo na ferida: o problema é ideológico e está nas escrituras. Vejam o vídeo e tirem suas próprias conclusões:

E para corroborar suas palavras vejam o que catei no Twitter de uma jornalista britânica (@mccoidsophie):

post-manchester @mccoidsophie

É realmente patético e, infelizmente, não é exagero dizer que os jornalistas prestam um desserviço à verdade. Não incentivar uma onda xenófoba não deve servir de desculpa para enterrar a cabeça na terra deixando o caos prevalecer.

T-E-R-R-O-R-I-S-M-O… Está claro agora o que aconteceu em Manchester?!

Na imagem acima, Abid Nasser, que já foi julgado por arquitetar um grande ato terrorista na cidade de Manchester planejado para ser o segundo em importância após o atentado às Torres Gêmeas em Nova York. A cidade já estava na mira deles faz alguns anos. 

Conheça nosso trabalho no livro Não Culpe o Capitalismo e veja que nem todo professor de geografia é um acéfalo repetidor de asneiras de Milton Santos.

É impressionante a capacidade de dissuasão do ser humano e sua fuga da verdade. Até ontem, as manchetes evitavam o termo TERRORISMO, talvez para não gerar pânico (como se o estouro da bomba, dezenas de feridos e mortos já não fossem suficientes), talvez para não discriminar, talvez para estancar a xenofobia crescente ou, simplesmente porque a praga do politicamente correto e uma vitimização histórica do ocidental frente ao terceiro mundo o faça consentir com vários absurdos que enxergamos a todo momento.

Casos próximos de nós, como a política cotidiana e a febre crédula de petistas e similares em atribuir todas mazelas geradas por seus representantes a outrem nos são familiares, mas o fenômeno pode chegar às raias do absurdo. Dias atrás li em uma página de militância “CWB Resiste” que apoia, veladamente, Black Blocs dois artigos traduzidos do mesmo autor tentando explicar o fenômeno do ISIS – o Estado Islâmico – e me surpreendi pelo reconhecimento dos EUA estar atuando, corretamente contra o grupo terrorista, mas em outro artigo, do mesmo autor, o apelo à violência vinha de uma frustração gerada… Adivinhem por quem? Pelo Capitalismo, oras! A falta de nexo neste argumento e coerência entre os dois artigos produzidos pelas mesmas mãos é assustadora. Patológica, na verdade.

E para não ficar para trás, internautas se manifestam contra o atentado de ontem, em Manchester, Inglaterra onde sempre tem um lunático para procurar achar um vínculo oculto entre a cultura de massas propiciada pelos meios eletrônicos e a violência. Veja na imagem abaixo:

screenshot-internacional.estadao.com.br-2017-05-23-10-08-37
Explosão em show de cantora pop deixa 22 mortos e 59 feridos em Manchester.

Culpar alguém por fenômenos com múltiplas causas não passa de uma sanha de expiação do demônio para ser puro. O erro disto é que demônios são normalmente nossos pensamentos inconfessos e falta de rigor moral, daqueles que deveriam se perguntar eu devo? além do eu posso?

por Anselmo Heidrich

Terrorista lança bomba em manifestantes pacíficos contra a Lei de Migração e a Carta Capital reclama da PM também não prender as vítimas!

Hasan Zarif, acusado de jogar bomba caseira em manifestantes pacíficos contrários à Lei de Migração em seu bar em S. Paulo, o Al Janiah. Difícil é saber o que ele nos entregará quando pedirmos um coquetel, um Bloody Mary, uma Piña Colada ou um Molotov mesmo?

Cf. http://www.vistadireita.com.br/blog/terrorista-lanca-bomba-em-manifestantes-pacificos-contra-a-lei-de-migracao-e-a-carta-capital-reclama-da-pm-tambem-nao-prender-as-vitimas/

Por Anselmo Heidrich

Uma questão de ponto-de-vista: sobre a Guerra, sobre o Terror, sobre a Apatia…

Quase uma década atrás escrevi este texto que, embora trata-se de outras situações e conflitos dizia muito sobre a perda de referência entre o que é certo e errado que nos domina. O fato de que uns chamem de “libertadores”, o que para outros são legítimos agentes do terror deve nos levar, no mínimo, a perguntarmos por que o conceito de justiça não é o mesmo universal. E creiam-me, o fato de me perguntar sobre isto não quer dizer que devamos relativizar tudo ao ponto de ficarmos inertes e apáticos sem qualquer reação, mas sim que entender por que as coisas tomam o rumo que tomam, por que o terror e a guerra ressurgem com força de tempos em tempos. Compreender não significa justificar, mas compreender para evitar e, talvez controlar.

Anselmo Heidrich

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Uma Questão de Ponto de Vista

Shhhhhh… Take a look in these eyes
Do they look sincere?. Do you read my lips
Do I make it clear? Bye bye so long,
I don’t want you here…
Yeah, I tried to share your points of view
If not all then maybe just a few
I couldn’t win on a compromise
I’d rather loose on my own
‘Coz I feel kind of good when I’m all alone
And if I take a stand it’ll be my own
Get out of my heart.
And my mind..
And my home…
Point Of View, D.A.D.

Os pontos de vista mudam assustadoramente, conforme o objeto avaliado. Em 1975 na Irlanda do Norte, grupos armados que chamaríamos perfeitamente de terroristas nos dias atuais, entraram em choque sem ter como alvo forças armadas britânicas, mas a população civil. Mataram mais do que os atentados à bomba em anos anteriores, mas dependendo do ponto de vista, eram “paladinos da liberdade” contra a opressão e o imperialismo. É difícil compreender uma cisão religiosa entre católicos e protestantes no século XX, em plena Europa Ocidental, mas ela existiu.

Organizações trabalhistas, sindicais costumam expressar apoio mútuo mundo afora, independente das condições políticas e sociais que vigorem em cada lugar específico. O único governo constitucional que contou com o apoio católico e protestante na Irlanda do Norte foi derrubado por uma greve do funcionalismo desencadeada pelo Conselho dos Trabalhadores do Ulster (UWC) em 1974. Mas, quem hoje em Hollywood se lembra de fazer um filme com alguma pobre família sendo vítima da ação sindical? Ora, sindicatos defendem o trabalhador, não é o que dizem? Se ajudaram a acirrar ânimos e disputas religiosas alhures é só um detalhe…

Nos anos seguintes, a guerrilha (ou seriam os terroristas?) católica e protestante continuou atacando civis indefesos de ambos os lados. O objetivo não pode ser limitado ao temor e terror trazido aos habitantes de pequenos vilarejos. Ele tem um subproduto desejável: a simpatia popular. Isto não diz respeito somente a conflitos religiosos. Diz respeito a qualquer movimento de massas em que a racionalidade não é prioridade. Quem ainda espera pela Razão não entendeu por que fenômenos bizarros como o Nazismo cresceram. Analogamente, seguindo o mesmo princípio, quando torcedores brasileiros no Pan gritam “Osama, Osama” estão manifestando o quê? Algo equivalente seria uma partida nos EUA com sua torcida gritando “TAM, TAM, TAM”. Simpático, agora?

Objetivos pressupõem racionalidade, mas os métodos contam com forte ingrediente de irracionalismo de massas. Mesmo que uma guerrilha rural não atinja diretamente seu objetivo explícito, ela atinge outro, tácito, o de bloquear as atividades produtivas do país trazendo um clima de ingovernabilidade. Foi assim na China de 1940, no Vietnã, no Camboja etc., o que não se atingiu na Malásia ou nas Filipinas graças à eficácia da administração civil. Não é a toa que estes são países que ingressaram antes no clube dos “tigres”, industrializados e exportadores. A China e o Vietnã também o fariam, só que bem mais tarde e, o paupérrimo Camboja só recentemente saiu de um mar de disputas entre guerrilhas.

Qual o clima político brasileiro, latino-americano em geral? Manifestações estúpidas e erráticas de uma torcida que “queima seu filme” para as Olimpíadas são, em parte, reflexo de uma administração que serve como espelho da sociedade. Não fosse por isto, como reeleger um governo claramente corrupto? Enquanto que teóricos da conspiração temem por nossa Amazônia, se esquecem do velho e presente inimigo interno. São minorias como o MST, como o MTST, como o MAB quem ganham terreno. Sim são minorias, mas são minorias que encontram eco em uma maioria apática. Desiludidos com as instituições se agarram no primeiro tronco flutuando em meio à inundação. Para onde vai? Provavelmente desaguar e ficar a deriva.

Em uma situação de ingovernabilidade, quem ganha apoio é porque mostra um mínimo de organização. Esta é a situação do crime organizado. E o comércio ilegal de armas apresenta sinergia com o tráfico de drogas, embora nossas autoridades até bem pouco tempo atrás o negassem. Se não há apoio interno, se busca fora. Este foi o caso do apoio externo a MPLA (Movimento Popular para a Libertação de Angola), a FNLA (Frente Nacional para a Libertação de Angola) e a UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola). Quem ganhasse, teria Moscou ou Washington, alguma capital européia ou Havana como aliada. Quando ouvirem falar em “guerras de libertação nacional” não estamos à frente de libertação alguma, quando lerem “República Democrática Alguma Coisa” é porque não se trata de democrática coisíssima nenhuma. E la nave va…

Tome as rédeas porque se não o fizer, outros o farão. Quando o governo indiano apoiou a independência de Bengala Oriental em 1971 (atual Bangladesh), o Paquistão acusou a Índia de intromissão e expansionismo, mas para os bengalis era uma luta justa. Ambas justificativas eram verdadeiras, mas cada lado enfatiza o seu ponto de vista, somente isto. O que mudou foi à utilização, mais maquiavélica, do apoio interno, pois ao invés de ocupar regularmente a região, a Índia fez uma ocupação “homeopática” só na medida que seus simpatizantes bengalis assim necessitavam para suprimir a oposição. Esse negócio de exército regular é mantido por poucos. Os EUA de George Walker Bush são um dos que estão na contramão da moderna estratégia geopolítica.

Para estudantes estrangeiros na Europa, como os que facilitaram a entrada e estadia de terroristas palestinos na Alemanha em 1972, o Welfare State contava menos que o Pan-Arabismo. E se fosse hoje, qual seria a reação? Consternação ou simpatia, ainda que parcial? É notório como a percepção acerca de um fenômeno social pode mudar ligeira ou amplamente no espaço e no tempo. Obviamente que a mídia, enquanto meio de expressão tem um papel nisto. O antiamericanismo, antiocidentalismo, anticapitalismo e tutti quanti têm um peso considerável nisto tudo. Terroristas ontem, “guerreiros da liberdade” hoje. Ou o contrário, em Rambo III, o personagem de Sylvester Stallone luta ao lado dos mujahedin contra os soviéticos em defesa da Liberdade. Após o 11 de Setembro, os EUA ao lado das forças do norte do Afeganistão atacaram uma facção dos tais guerreiros que formaram uma tal de Talebã. 1

Não se trata de uma massa amorfa e alienada pelo capitalismo, como poderiam afirmar Marx ou Bento XVI, mas principalmente de quem detém uma visão sobre o quê. Para os ultradireitistas, é sempre o comunismo internacional financiando as guerrilhas e o terrorismo, para a extrema-esquerda, a CIA está por trás de tudo, inclusive do atentado às Torres Gêmeas! Loucos e fanáticos não são vistos como o que são, loucos e fanáticos, mas como “manipulados” por forças ocultas, insondáveis. Se tais forças existem e têm atuação espasmódica, isto ocorre por que o caldo de cultura já existe. Mas, querer crer na onipotência de tais organizações secretas é demais. Elas seriam poderosas porque ocultas, secretas e tão, mas tão “insondáveis” que muitas das teorias conspiratórias andam totalmente explicadas pela internet…

Quais são os critérios morais que deveriam ser adotados? Deveriam ser supra-políticos, além de qualquer marco ideológico, no mínimo, mas não é isto que ocorre. Assim como muitos irlandeses viam o IRA como um bando de assassinos, outros descendentes de irlandeses na América viam-nos como bons garotos. Há aqueles que condenam Fidel, mas absolvem Pinochet e vice-versa. A violência e, no caso, a violência de estado se torna apenas um expediente, para se atingir um determinado fim. O “fim”, o objetivo último tudo absolve, tal qual a miragem de água numa estrada tórrida, que quanto mais nos aproximamos ela ressurge dezenas de metros adiante.

Mas, não é tão simples assim. O governo fantoche de Vichy na França tinha oposição sistemática de jovens guerrilheiros que não se renderam ao nazismo, que matavam o inimigo na clandestinidade. Seus métodos eram… Terroristas? Para os alemães na II Guerra, com certeza. Para franceses e ingleses, heróis. Dependendo do ponto de vista eram legítimos, se tomarmos “legitimidade” como uma manifestação de descontentamento frente um exército invasor.

E o separatismo? Acho que estamos de acordo que a Noruega ostenta elevadíssimo padrão de vida (muito antes do gás explorado no Mar do Norte), mas quem se disporia a apoiar sua separação da Suécia em 1905, exceto pelos próprios noruegueses? O mesmo não valeria para os sulistas norte-americanos em 1861 antes da Guerra de Secessão? Por que não? Iriam ficar mais pobres, valeu a manutenção da União… São argumentos ex post, não havia como saber à época. O interessante aqui é que alguns que responderiam afirmativamente em um caso, não o fariam em outro. O argumento moral se torna refém da política e nós o adotamos a todo o momento.

Se um movimento tem raízes populares, alguns podem argumentar que é, para o bem ou para o mal, legítimo. Mas, quando seus métodos consistem em difundir o terror a milhares ou milhões? E quando a extorsão através de seqüestros é tão freqüente e rotineira que se torna um fim em si mesmo?

Mas, que importa isto tudo? Há questões que são unânimes, como quando repudiamos atitudes autoritárias. Cheguei a ouvir que os atletas cubanos obrigados a voltar para casa pela ditadura castrista foram, na verdade, expulsos pela administração do PAN em benefício do Brasil! Há justificativas para todos os gostos… Fanatismo ideológico, teorias conspiratórias são, afinal, detalhes que embasam as percepções.

A conta-gotas, homeopaticamente, nos acostumamos ao terror e à tragédia. Terrorismo aqui? “Viagem”… PCC? Não chega a ser… Tragédia nos meios de transporte? Só se for em uma aeronave que não consegue frear, pois mais de 680 morreram só nas estradas federais em pouco mais de um mês e não nos indignamos de tão anestesiados que estamos pela loucura cotidiana. Tudo não passa de uma questão de ponto de vista. Se a violência for dada em doses homeopáticas, tudo bem.

Um bom acordo, diz o ditado, é aquele em que nenhuma das partes sai 100% satisfeita. Existe o preço do vendedor, o preço do comprador e o preço justo… Não. O que existe é o preço de mercado. É com a expansão do mercado e sua lógica concorrencial que as partes se tornam mutuamente dependentes e as guerras, paulatinamente, se tornam antieconômicas. No mercado interno e externo, as tragédias aéreas, terrestres diminuem. As empresas têm o ônus de investir segundo prioridades e, obviamente, a segurança virá em primeiro lugar sobre a estética de rodoviárias, portos e aeroportos que trazem uma vaga sensação de ordem e desempenho político.

No mercado político, os governos têm que se ater a políticas de estado. Se este têm o monopólio legítimo da violência, como já disse alguém, também têm a obrigação compactuada com segurança sobre a segurança, isto é, sua fiscalização. Trata-se de mais um ponto de vista, mas um ponto de vista baseado em custos e benefícios, não em uma miragem ou proselitismo político-partidário.

(1) Nem todo guerreiro anti-soviético constitui, necessariamente, o governo fundamentalista talebã. E nem os EUA poderiam adivinhar que parte deles, que foi financiada e apoiada para resistir ao avanço da URSS (tal qual fez a mesma contra os americanos no Vietnã) se tornaria um foco antiamericanista. Mais do que um movimento religioso, os talebãs tiveram origem e apoio no principal grupo étnico afegão, os patans.

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