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Anselmo Heidrich

Defendo uma sociedade livre baseada no governo limitado e estado mínimo.

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Irã

General iraniano morto em ataque americano era burro e superestimado – 05/01/2020 – Mundo – Folha

Mas a coisa melhora, ou piora, na verdade, para Suleimani. Muitos de seus obituários dizem que ele liderou a luta contra o grupo Estado Islâmico no Iraque, em aliança tácita com os EUA. Bem, isso é verdade. Mas o que eles omitem é que o alcance excessivo de Suleimani, e do Irã, no Iraque ajudou a produzir o grupo Estado Islâmico, em primeiro lugar. Foram Suleimani e seus amigos da Força Quds que pressionaram o primeiro-ministro xiita do Iraque, Nouri al-Maliki, a expulsar os sunitas do governo e do exército iraquianos, parar de pagar salários a soldados sunitas, matar e prender um grande número de manifestantes pacíficos sunitas e, em geral, transformar o Iraque em um Estado sectário dominado por xiitas. O grupo Estado Islâmico foi a contrarreação. Finalmente, foi o projeto de Suleimani de tornar o Irã a potência imperial no Oriente Médio que transformou o Irã no poder mais odiado do Oriente Médio para muitas das forças jovens pró-democracia em ascensão —sunitas e xiitas— no Líbano, na Síria e no Iraque.

General iraniano morto em ataque americano era burro e superestimado – 05/01/2020 – Mundo – Folha

Baita texto, o melhor que li sobre o Irã nesses dias. Acesse o link, não perca.

a.h


Imagem Sardar Qassem Soleimani(fonte): https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Sardar_Qasem_Soleimani-01.jpg

Quando uma mulher persa tira seu hijab e um filipino canta rock

Arnel Pineda, atual vocalista do Journey.

 

Ontem mesmo eu fui atendido por dois filipinos em um restaurante aqui em Florianópolis e, ao invés de lhes fazer perguntas normais como por que eles vieram para cá, o que lhes atraiu ou se eram marinheiros e se encantaram com a cidade fui logo ao que mais me interessa (e afasta as pessoas), “você saiu das Filipinas devido ao terrorismo do grupo Abu Sayyaf que quer uma parte do território as filipinas são católicas né?”, “o grupo terrorista e separatista é muçulmano certo?” O atendente, que falava muito bem o português para quem era um imigrante de pouco tempo no país me disse “é, há alguns católicos…” Como assim há alguns?!As filipinas são majoritariamente católicas! Logo percebi que o sujeito não deveria ser um e que se mostrou ligeiramente incomodado com a questão. Como minha mulher observou depois, eu realmente não sei abordar as pessoas com algo que as atraia para uma conversa leve. Fazer o quê?

Já não é a primeira vez que isso ocorre, anos atrás, eu também conheci uma mãe persa(sic) como ela mesmo se denominou e eu fiquei, obviamente confuso, pois o país é chamado de Irã desde a década de 30. Eu fiquei olhando para o nada e dei um passo para a frente, como quem quer conversar sem berrar no meio do playground, ao que a mamãe do oriente automaticamente recuou um passo. Novamente, minha mulher me fitando só faltou puxar as rédeas, se as tivesse… Eu disse “Irã?” Foi daí que ela paralisou por quando ouviu a palavra, como se eu tivesse dito um palavrão. Realmente para alguém dizer que vem da Pérsia ao invés de Irã, que é como o país se chama atualmente deve ser por uma profunda rejeição ao status quo, seja social ou político. Achei tão natural de minha parte citar IRÃ que fiquei chocado com seu susto. E claro que ela deveria ser uma herege para o país dos aiatolás, se vestia como uma ocidental, bem moderninha aliás de calças, camiseta e outros adereços femininos que distam anos luz da escola estilística dos hijabs. Sei sei que no Irã antes da Revolução de 1979, as mulheres tinham bem mais liberdade e não eram obrigadas a se vestirem ocultando sua beleza e também sei que há movimentos femininos que rejeitam a obrigação de usar o véu islâmico, coisa que estranhamente não vejo como bandeira de luta ou sequer tímido apoio de nossas feministas ocidentais. Sei lá, vai saber, talvez nossas mulheres engagées estejam mais ocupadas tentando acabar com o capitalismo , o cristianismo e a cultura ocidental…

Engraçado, gente fugindo do totalitarismo com medo de novos totalitários a espreita no parquinho, enquanto observa crianças brincando, gente que não percebe uma ação totalitária em curso em seu próprio país, mas tem desgosto por outra religião e, no fim das contas, apenas servos de seus horários de trabalho e seu tempo livre. Enquanto isto, minha sutileza de bola de boliche levantou da cadeira comigo e fomos ao balcão pagar a conta para outro filipino me atender. Continuei meu curso contra os pinos e perguntei se conhecia Juan de la Cruz, uma banda de lá. O sujeito ficou impressionado e pela primeira vez tive um contato humano quando me fitou e disse “Claro! ROCK’N’ROLL!,” Sim, eu tenho o disco e ainda arrematei “também tem lá o novo vocalista do REO Speedwagon…” ao que me olhou estranho. Digo, não! É outro o nome da banda, “Journey, sim, journey, EU ERREI” e ele complementou “Arnel Pineda”! É esse seu nome, como? Arnel? Isso, Arnel Pineda, excelente vocalista. Vi um documentário sobre sua história e admissão no grupo. Muito bom. Ao atravessar o calçadão pude ouvir o gerente cantando, afinado, diga-se de passagem.

É isso, às vezes geramos uma cizânia aqui e ali, um desconforto geral, mas no fim das contas, importante mesmo é ficar com a música na cabeça, ela é que nos tira das fronteiras e limites impostos pelas culturas. Agora me permito um pouco do sonho ingênuo de que um dia, as preces nos templos sejam substituídas por ondas de rádio FM. Menos crenças, mais prazer e que se dane o além porque vou continuar sendo inconveniente, das Filipinas ao Irã passando por Florianópolis.

 

Um bom dia,

Anselmo Heidrich

2017-08-03

 

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