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Anselmo Heidrich

Defendo uma sociedade livre baseada no governo limitado e estado mínimo.

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França

Coletes Amarelos e suas Máscaras

Imagem: https://frenchly.us/could-the-us-have-gilets-jaunes/

O que vocês leram e ouviram sobre a revolta dos “coletes amarelos” na França? Eu li um amontoado de asneiras, de todas as estirpes políticas. O texto abaixo, com uma série de exigências (ou “demandas”) do movimento só prova o que eu já havia intuído lá atrás, de que a revolta e caos generalizado no país não tinha nada a ver com “indignação contra a social-democracia”, como alguns tontos liberais divulgaram em suas redes sociais e canais de YouTube (especialmente estes com dezenas de milhares de seguidores afoitos por interpretações que corroboram seus preconceitos). Logo vi que toda aquela destruição não era por nenhum imposto ecológico, basta uma leitura rápida para entender que estatização de empresas e oposição à Otan não tem absolutamente nada a ver com o custo do combustível. Isso, nada mais foi do que o aproveitamento de uma situação para inflamar o país com os eternos descontentes e vândalos profissionais. Lixos, escória, sem deixar de mencionar os burros brasileiros da Nova Direita que repetem bovinamente um argumento anti-establishment tão fora da realidade quanto o discurso revolucionário ultrapassado da velha Esquerda. Dois grupos estúpidos que se merecem.

De um lado, a carcomida Esquerda falando em “Nova Revolução Francesa”, de outro, a alucinada Direita que deve se basear em alucinógenos de primeira falando que “os globalistas”, “George Soros” é que estão por trás e, não esqueçamos deles, os limitados liberais que só enxergam tudo pelo viés econômico de questões que são mais complexas dizendo que é “o desgaste da social-democracia”. Lembram-se da “Primavera Árabe” em 2010? Dependendo do “solo” onde foi lançada a semente da insurreição, o resultado pode ter sido totalmente diferente: na Tunísia, com a derrubada de um ditador e restabelecimento da democracia, no Egito, idem, mas que levou um grupo fundamentalista ao poder, a Irmandade Muçulmana, para depois também ser derrubada, na Líbia e na Síria, guerras civis. Ou seja, não há fórmula para o sucesso e o que se entende por “sucesso” depende dos atores em questão. Aqui no Brasil, como sabemos, o processo ainda está em curso e a integração entre movimentos sociais e processos institucionais, como a Lava-Jato ainda renderão frutos, promissores espero. Mas, o que dizer da França? Tal e qual ocorreu em 2013, com as manifestações contra o aumento das passagens do ônibus em 20 centavos, elas capitalizaram vários outros grupos com ideários distintos (pena de morte, intervenção militar etc.) e que fugiram completamente ao script original de seus formuladores. Se me entenderam, as manifestações na França não foram contra imposto ecológico, ao menos não em sua expressão final e calamitosa.

Caros liberais, onde eu espero que venha um mínimo de sanidade nisto tudo, que há de racional em protestar contra um aumento de imposto quebrando e vandalizando patrimônio público e privado? Não sejam tolos. Isto é fomentado por partidários da Direita de Marie Le Pen e os clássicos sabotadores da Esquerda que temem o governo reformista de Macron, que sim, tem sido correto na medida do possível e pretendia tirar privilégios da casta sindical, mas que infelizmente já parece ter capitulado.

Anselmo Heidrich
13 dez. 18

Agora, fiquem com o lixo, cuja autoria eu desconheço:

Atenção Sr. Presidente eleito. Estas são as solicitações dos “Coletes Amarelos” na França. Acho bom examiná-las com muito carinho e atenção.

A segunda revolução francesa começou e está se espalhando por toda a Europa. Nenhuma notícia sua não está nos mostrando isso, pois eles não querem que o povo americano tenha idéias sobre se levantar contra a elite. Você acha que é apenas sobre um imposto sobre o gás? Não, essas pessoas estão decididas a recuperar o país do 1% que controla tudo. Acho que vou fazer torradas para comemorar esta manhã. Talvez algumas batatas fritas francesas também. E meu café sai de uma editora francesa. Amo os franceses!

A seguinte lista de demandas tem circulado entre os usuários de mídia social francesa nos últimos dias. Nós não sabemos suas origens exatas ou autor (es), mas parece que apareceu pela primeira vez aqui em 5 de dezembro. Você terá que clicar na imagem para ampliá-la se quiser lê-la em francês. Nós traduzimos para o inglês (em resumo, não palavra por palavra) abaixo …

Lista de demandas dos Coletes Amarelos.

1. Economia / Trabalho.

Um teto constitucional sobre impostos — 25%.

Aumento de 40% na pensão básica e bem-estar social.

Aumentar a contratação no setor público para restabelecer os serviços públicos.

Grandes projetos de construção para abrigar 5 milhões de desabrigados e penalidades severas para prefeitos / prefeituras que deixam as pessoas nas ruas.

Dividir os bancos “grandes demais para falir”, separe novamente os serviços bancários regulares dos bancos de investimentos.

Cancele as dívidas acumuladas por meio de juros usurários.

2. Política.

Emendas constitucionais para proteger os interesses do povo, incluindo referendos vinculativos;

O impedimento de grupos de pressão e interesses da tomada de decisão política.

Frexit: Deixar a UE recuperar nossa soberania econômica, monetária e política (Em outras palavras, respeitar o resultado do referendo de 2005, quando a França votou contra o Tratado Constitucional da UE, que passou a se chamar Tratado de Lisboa, e o povo francês ignorou).

Repressão à evasão fiscal pelos ultra-ricos.

A cessação imediata da privatização e a renacionalização de bens públicos como autoestradas, aeroportos , ferroviário, etc…

Remoção de toda a ideologia do ministério da educação, acabando com todas as técnicas de educação destrutiva.

Quadruplicar o orçamento para a lei e a ordem e coloque prazos para os procedimentos judiciais. Faça o acesso ao sistema de justiça disponível para todos.

Acabar com os monopólios da mídia e com sua interferência na política. Tornar a mídia acessível aos cidadãos e garantir uma pluralidade de opiniões. Acabar com a propaganda editorial

Garantir a liberdade dos cidadãos através da inclusão na constituição de uma proibição total da interferência do Estado nas suas decisões em matéria de educação, saúde e família.

3. Saúde / Meio Ambiente.

Não mais ‘obsolescência planejada’ — Garantia obrigatória dos produtores de que seus produtos durarão 10 anos e que as peças de reposição estarão disponíveis durante esse período.

Proibir a influência das grandes farmacêuticas na saúde em geral e Hospitais em particular

Proibição de plantações de OGM, pesticidas carcinogênicos, desreguladores endócrinos e monoculturas

Reindustrializar a França (reduzindo assim as importações e, portanto, a poluição)

4. Relações Exteriores.

Acabar com a participação da França em guerras de agressão no exterior e sair da OTAN

Cessar a pilhagem e interferir — política e militarmente — em Francafrique, que mantém a África pobre. Imediatamente repatriar todos os soldados franceses. Estabelecer relações com os estados africanos numa base de igual para igual

Evitar os fluxos migratórios que não podem ser acomodados ou integrados, dada a profunda crise civilizacional que estamos experimentando

Respeitar escrupulosamente o direito internacional e os tratados que assinamos.

A França é Multicultural

No filme de ficção, O Quinto Elemento, que para mim foi uma grande decepção começa com uma excelente piada: um arqueólogo francês busca uma pedra com poderes fantásticos que remontam a criação do universo quando atrás dele pousa uma nave gigantesca e sai dela um alien que mais parece um besouro gigante lhe falando em idioma incompreensível. Nisto, o francês baixinho com suas bermudas e chapéu cáqui fita o monstro e pergunta “você é alemão?” VALEU O FILME!

Pois é, para entendermos o sentimento nacionalista tem que se compreender este conceito um tanto em desuso, o ETNOCENTRISMO. Em desuso porque fica cada vez mais difícil no mundo globalizado falarmos em etnias quando se trata de choque de culturas nos países ricos, multiculturais que são. Mas eis que ele ressurge aqui e ali porque por mais que nos definamos e situemos em termos societários, “eu, fulano de tal, RG…, CPF…, morador da rua…., nacionalidade….” algo nos puxa vez ou outro para um lugar primal, algo de onde imaginamos ter saído, nossa tribo ou clã. Aí pode se dizer que a França mesmo não é essa dos jogadores que ganharam a Copa da Rússia, dos imigrantes africanos, árabes etc. Que a França tem sua história secular, suas conquistas, sua revolução etc. e tal. Caros, isto já foi, já morreu e reside ainda nos campos graças às tarifas impostas pela União Europeia que ainda dão sentido de sobrevivência àqueles camponeses teimosos que já deveriam ter migrado para as cidades. Morreu.

Façamos um exercício futurológico: suponhamos que Marie Le Pen, a ultra-nacionalista francesa que quase ganhou a eleição que disputou com Macron tivesse vencido e todas as fronteiras francesas fossem fechadas e mais nenhum imigrante entrasse no país, certo? Em algumas décadas, a França será cada vez menos gaulesa e cada vez mais afro-árabe, cada vez menos branca e cada vez mais morena por uma razão bastante simples: a taxa de fecundidade feminina dos antigos franceses é declinante e a dos árabes e africanos é alta, das mais altas do mundo. Enquanto que as primeiras mantém na melhor das hipóteses dois filhos por mulher, o que não repõe a população perdida (morrem dois primeiro que são o casal e ficam dois que são os filhos), os imigrantes e seus descendentes têm quatro, seis filhos. O mesmo raciocínio senhores vale para a Alemanha ou Hungria, países que ocasionalmente têm taxas negativas de crescimento, ou seja, perdem população.

Então meus caros, O MULTICULTURALISMO VEIO PARA FICAR. Acostumem-se, os minaretes das mesquitas despontarão cada vez mais no horizonte juntamente às torres das igrejas e contentem-se se estas não forem derrubadas. Mas há algo que se possa fazer? Sim, há algo…

Se tu for um podre racista, que se foda, teu tempo já era, te suicide diabo! Agora, se tu pensa no legado da cultura europeia antiga, então, que se aplique normas de integração, como alguns países têm feito (ex.: Dinamarca) e negue outras, lenientes e inconsequentes (ex.: Suécia), mas isto é outro capítulo, outra nota, outro pequeno artigo…

Agora comemorem e torçam para que a coordenação da seleção francesa seja a mesma inspiração para aplicação da lei e da ordem nos subúrbios franceses. Quem sabe o futuro distópico que os puristas tanto temem seja um mero delírio de pouca fé e esperança.

Anselmo Heidrich

18–07–2018

Quais eram as reais diferenças entre Le Pen e Macron?

No excelente texto abaixo, de autoria do empresário e descendente da família real brasileira, Luiz Philippe de Orleans e Bragança, a confusão que se seguiu por ocasião das eleições francesas é devidamente esclarecida. Não houve, como se sugeriu por alguns analistas brasileiros, uma clara divergência entre conservadores e progressistas, ou “direita” e “esquerda” na França, mas sim um fractal de posições antagônicas em diferentes temáticas que tornavam possível apoiar um e outro concomitantemente dependendo do ponto de vista adotado. E creiam, é muito mais complexo do que aparenta ser. Realmente difícil saber quem era o melhor, Marine Le Pen ou Emmanuel Macron. Ou talvez, o “menos pior”…

Enfim, melhor do que esta explanação é a própria leitura deste excelente e didático texto.

V.D.

Conferir aqui: http://www.vistadireita.com.br/blog/posicoes-e-divergencias-entre-marine-le-pen-e-emmanuel-macron/

Macron, liberal e agregador?

Esta é a imagem que venderam dele, mas Le Pen não iria ser uma boa escolha: mesmo querendo conter a “invasão islâmica” na França, com políticas econômicas desastrosas não conseguiria combustível para manter sua agenda social por muito tempo. Vargas Llosa dispensa apresentações, mas sua visão do vencedor é por demais otimista. Boa demais para acreditar…

“A França é um país riquíssimo ao qual as más políticas estatizantes, pelas quais foram responsáveis tanto a esquerda como a direita, mantiveram empobrecido, atrasando-o cada vez mais, tanto que a Ásia e a América do Norte, mais conscientes das oportunidades que a globalização ia criando para os países que abriam suas fronteiras e se inseriam nos mercados mundiais, foram deixando-a cada vez mais para trás. Com Macron se abre pela primeira vez em muito tempo a possibilidade de que a França recupere o tempo perdido e inicie as reformas audazes – e custosas, claro – que afinem esse Estado adiposo que, como uma hidra, freia e regula até a exaustão sua vida produtiva, e mostre a seus jovens mais brilhantes que não é a burocracia administrativa o mundo mais propício para exercitar seu talento e criatividade, e sim a vastidão à qual todos os dias a fantástica revolução científica e tecnológica que estamos vivendo acrescenta novas oportunidades.”
Tribuna | Macron; por Mario Vargas Llosa http://brasil.elpais.com/brasil/2017/05/04/opinion/1493896853_149460.html?id_externo_rsoc=TW_CC via @elpais_brasil

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