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Anselmo Heidrich

Defendo uma sociedade livre baseada no governo limitado e estado mínimo.

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Segundo Turno das Eleições Ucranianas confirma vitória de Zelenski


O segundo turno das eleições ucranianas está confirmando a vitória de Vladimir Zelenski. Pesquisa de boca de urna aponta 73% dos votos para este candidato, enquanto que seu rival, Petro Poroshenko, ficou para trás, com apenas 25%. Com uma taxa de comparecimento nas urnas de mais de 45% dos eleitores, o segundo turno das eleições apontou que o povo ucraniano decidiu ter como Presidente do país alguém com disposição de dialogar com Moscou, pondo fim à guerra de Donbass*, sem abandonar os projetos de integração com o Ocidente.

No debate da última sexta-feira, dia 19 de abril, no estádio Olympiyskiy, em Kiev, com capacidade para 70.000 pessoas, mas com apenas 22.000 presentes, a maioria favorável ao atual Presidente não intimidou Zelenski, que se comportou como showman. Poroshenko levou até banda de rock em seu momento de apresentar-se, mas frases de impacto como “eu não sou seu oponente, sou sua sentença!”, proferidas a ele por seu rival agora vitorioso, além de gestos por parte deste, como ajoelhar-se diante da multidão e dizer que estava ansioso por fazer o mesmo para as mães que perderam seus filhos no conflito do Leste, revelaram um homem que sabe teatralizar no jogo político.

O ponto forte da campanha de Zelenski, feita basicamente em redes sociais, é a imagem de um candidato “ independente”, um outsider, que “ não é um político”, como gosta de afirmar. Mas em que pese isto ser verdadeiro, as ligações políticas não são eliminadas e elas apontam para um caminho tradicional da política ucraniana. O Relatório investigativo do site Bihus.info aponta para conexões com quatro grupos que coordenaram sua campanha:

  • “Tio”, grupo do magnata Ihor Kolomoisky e dono do canal “1 + 1”, que veiculava a série “Servo do Povo”, em que Zelenski representava a principal personagem antes de entrar para a política;
  • “Lower”, o segundo grupo formado por uma equipe de advogados para aconselhamento legal e financeiro, mas cujo líder, o advogado Sergei Nizhny, é proprietário de um dos apartamentos que pertencera ao deputado e associado do Ministro do Interior, Anton Gerashchenko, que apoiou abertamente Zelenski;
  • “Regiões”, o terceiro grupo, que é coordenado por Ilya Pavlyuk, cuja função é a coordenação de finanças dos representantes regionais, mas com menções na mídia que se referem ao período de atividade de Viktor Yanukovich (o Presidente foragido após as manifestações de 2014). Na época, Pavlyuk era mencionado por “intermediário alfandegário”, ou “desalfandegamento”, ou, mais precisamente, como “rei do contrabando”;
  • “Quarter”, é o quarto grupo, cujos coordenadores são os parceiros comerciais de Zelenski na indústria cinematográfica, os irmãos Sergei e Boris Shefiry.

Nenhuma dessas equipes ou membros foram publicamente anunciados como representantes da equipe de campanha política de Zelenski e só vieram a público através de investigação jornalística. Ressalte-se, também, que parte do mérito desta eleição não se deve exclusivamente ao novato e sua capacidade de articulação política, mas ao próprio presidente Poroshenko que, apesar de ter fortalecido o Exército, fracassou no cumprimento de promessas de campanha, como modernizar a economia e combater a corrupção (sempre lembradas por Zelenski), o que tornou a sua reeleição muito difícil.

Enfim, em uma nação desgastada por um conflito interno com milhares de mortos e falta de perspectivas com a economia assolada por acusações de graves casos de corrupção, envolvendo até mesmo o setor de Defesa, a eleição de Vladimir Zelenski mostrou-se como sendo mais que um voto de protesto, possivelmente uma aposta em alguém capaz de dialogar com dois polos de poder político que interferem diretamente na vida ucraniana, casos da Rússia e da União Europeia.

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Nota:

* é uma região geográfica, histórica e cultural no leste da Ucrânia, posicionada geograficamente ao sudoeste da Rússia. É uma rica área mineradora e industrial cortada pelo curso do rio Donets. A região de Donbass envolve três óblasts (províncias) da Ucrânia: Dnipropetrovsk (em torno da cidade de Pavlohrad); a parte meridional de Lugansk; e, na oblast de Donetsk, ocupa a parte norte e central. Nesta área desenvolveu-se de forma intensa e violenta a revolta separatista no país.

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Fontes das Imagens:

Imagem 1 Vladimir Zelenski em 31 de março de 2019” (Fonte): https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Volodymyr_Zelensky_in_March_31,2019(I).png

Imagem 2 Mapa de Donbass, no leste da Ucrânia” (Fonte): https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Map_of_the_Donbass.png


Originally published at https://ceiri.news on April 23, 2019.

Debate na TV pode influenciar as eleições na Ucrânia

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Anselmo Heidrich

No dia 19 de abril de 2019, próxima sexta-feira, haverá o debate presidencial entre Vladimir Zelenski e Petro Poroshenko, no estádio Olímpico, em Kiev, com capacidade para 70.000 pessoas, dois dias antes do segundo turno das eleições que ocorrerá no dia 21 de abril. Em tom jocoso, o candidato e comediante Zelenski propôs que fosse feito exame antidoping para provar que o futuro presidente da Ucrânia “ não será um alcoólatra nem um viciado em drogas”, além de que Yulia Tymoshenko, ex-Primeira-Ministra e candidata colocada em terceiro lugar no primeiro turno, fosse a mediadora. Poroshenko aceitou o desafio do que será o segundo debate da TV ucraniana. O primeiro ocorreu em 2004, entre Viktor Yushchenko (ex-Presidente que fora envenenado com poderosa toxina durante a campanha) e Viktor Yanukovich (ex-Presidente que abandonou o cargo após a onda de protestos conhecida como Euromaidán, em 2014).

Segundo o Instituto de Sociologia de Kiev, 74% da população utiliza a TV como principal meio de informação. Mas, de acordo com o Instituto Ucraniano para o Futuro, 76% da programação televisiva no país é controlada por quatro oligarcas: Victor Pinchuk, Rinat Akhmetov, Dmytro Firtash e Ihor Kolomoisky. Este último é conhecido por suas ligações com Zelenski, acerca das quais seu rival, Poroshenko, faz acusação de que o candidato é um mero fantoche do bilionário.

Basicamente, a TV na Ucrânia se divide claramente entre os canais favoráveis ao presidente Petro Poroshenko, os contrários a ele e os neutros. Na primeira categoria temos o TRK Ukraine, de Akhmetov; o Inter, de Firtash, que é um dos canais mais assistidos no país; além do Canal 5, de propriedade do próprio Poroshenko. Outros como o ZIK veiculam notícias com as versões de aliados de Poroshenko e o Pryamii, que elogia o Presidente e critica com veemência seus adversários, além de mais outros, como o Canal 112 e o NewsOne, que também entram nesta lista. Como oposição ao governo há o “ 1 + 1”, de Ihor Kolomoisky, que apoia Zelenski, o 24 e a TV Nash, pró-russa. Canais como o ICTVNovyi Kanal e STB têm uma abordagem bastante neutra, abrindo espaço para todos os candidatos.

Na sociedade emerge a questão de saber quem se sairá melhor no segundo turno, se será o ator, conhecido das telas, ou o dono de um canal de mídia com apoio de vários outros canais. O presidente Poroshenko tem conquistas como ter estabilizado a economia e racionalizado a distribuição de gás. Pesquisa realizada em sites como o Foreign Affairs e o Atlantic Councilmostram que ele tem a simpatia e apoio ocidentais. Ressalte-se que ele é o candidato pró-Ocidente, leia-se União Europeia e OTAN, mas cujo governo é acusado de incompetência na execução das reformas propostas e no combate à corrupção. Por outro, apesar de ter vários canais ao seu lado, Poroshenko não tem o mesmo apelo midiático de seu rival.

O candidato melhor colocado no primeiro turno das eleições ucranianas em 31 de março, com 30% dos votos, foi Vladimir Zelenski que não é um político conhecido, tampouco experiente, mas um ator que se notabilizou no seu país pela série “O Servo do Povo”. Nela, o candidato interpretava um professor, “ Vasyl Petrovych Holoborodko”, que, indignado com a corrupção em seu país, se lança à disputa para a Presidência, sendo bem-sucedido. Zelenski defende a ideia de plebiscitos, não tem histórico de rusgas com o presidente russo Vladimir Putin, fala fluentemente o russo e busca integração com o Leste. Por isso, ele se torna o candidato favorito do Kremlin.

Com apenas 18% dos votos no primeiro turno, acredita-se Poroshenko não perderia em participar do debate a dois dias do final da eleição, quando se adentra no estágio em que as ações caem na condição de valer tudo ou nada. No caso da exposição pública de Zelenski, esta daria aos eleitores a chance de conhecer, de fato, o homem atrás da personagem.

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Fontes das Imagens:

Imagem 1 Logo do Canal 5de propriedade de Petro Poroshenko” ( Fonte): https://commons.wikimedia.org/wiki/Category:5_Kanal_(Ukraine)

Imagem 2 Logo do Canal 1 + 1, de propriedade de Ihor Kolomoisky” ( Fonte): https://commons.wikimedia.org/wiki/File:1%2B1logo.png


Originally published at https://ceiri.news on April 16, 2019.

Yulia Tymoshenko pode ser uma das aliadas de Vladimir Zelenski no segundo turno das eleições ucranianas


Apesar do feito de Vladimir Zelenski em obter 30% dos votos à Presidência da Ucrânia, no segundo turno, a ser realizado em 21 de abril, as dificuldades apontam para a necessidade da criação de alianças, e o mais provável é que ele busque obter apoio de Yulia Tymoshenko, ex-Primeira-Ministra, que obteve apenas 14% dos votos.

O que há de comum entre ambos é a retórica anti-establishment junto a seu rival, Anatoliy Hrytsenko, ex-Ministro da Defesa. Parece simples, mas parte da força da campanha de Zelenski se baseava na ideia de ser “contra todos” e não seria o mesmo se em determinado momento se aliasse com políticos como Tymoshenko, quem já foi acusada de encomendar o assassinato de Yefhen Shcherban, um dos membros do Parlamento e um dos homens mais ricos da Ucrânia, e também de sua esposa, no aeroporto de Donetsk, em 1996. Ou ainda acusações de tentativa de suborno à Suprema Corte do país, em 2004, entre outros crimes.

Isto não exclui os méritos e estratégia de Zelenski. O comediante e político conseguiu se conectar com os ucranianos falantes de idioma russo do Sudeste, que também não são favoráveis à secessão, como querem os separatistas de Lugansk e Donetsk. Por outro lado, ele contou com uma vantagem, que foi a cisão dentro do Bloco de Oposição, pró-russo, que lançou dois candidatos à Presidência em janeiro de 2019: Yuriy Boyko,pela “Plataforma de Oposição — Para a Vida”; e Oleksandr Vikul,pelo “Bloco de Oposição — Partido da Paz e Desenvolvimento” (renomeado como “Partido Industrial da Ucrânia”).

No entanto, se os pró-russos estão divididos, os pró-ocidente (União Europeia e Otan), na figura de Petro Poroshenko, o atual Presidente, não conseguiram articular uma boa campanha e agora recorrem ao discurso nacionalista que descarta as diferentes culturas baseadas nos idiomas falados no país.

O cansaço do eleitor se explica pelo falido programa de reformas de Poroshenko, considerado muito ambicioso, mas desacreditado por acusações de corrupção. Há pouco mais de cinco anos, em 2014, o Euromaidan, a série de protestos que sacudiu o país e pôs em fuga o ex-presidente Yanukovych, que era pró-Rússia e está com paradeiro desconhecido, levou a um processo de euforia e posterior desilusão.

Acredita-se que com a ocupação da Crimeia pela Rússia e a irrupção de violência separatista no Leste, o voto em Zelenski se mostrou uma tentativa de buscar alternativa para evitar a divisão que assola o país: entre Leste e Oeste, entre diferentes idiomas, e entre Rússia e Ocidente.

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Fontes das Imagens:

Imagem 1 Yulia Tymoshenko” (Fonte): https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Yulia_Tymoshenko_November_2009-3cropped.jpg

Imagem 2 Mapa Etnolinguístico da Ucrânia” (Fonte): https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Ethnolingusitic_map_of_ukraine.png


Originally published at ceiri.news on April 9, 2019.

Eleição na Ucrânia terá segundo turno

A Ucrânia não se furtou ao segundo turno ser disputado no dia 21 de abril, que ocorrerá entre o atual Presidente, Petro Poroshenko, e a “zebra” do pleito, Volodymyr Zelenskyi, um conhecido comediante no país, famoso por atuar em uma série de televisão no papel de um professor que se torna Presidente da Ucrânia, “O Servo do Povo”. Zelenskyi alcançou mais de 30% dos votos de 63% dos eleitores que foram às urnas no dia 31 de março, pelo partido homônimo, em eleição com maior índice de participação do que a anterior, em 2014.

Como resultado desse primeiro pleito tivemosPoroshenko com cerca de 18% e a candidata Yulia Tymoshenko, ex-Primeira-Ministra com um fraco desempenho de apenas 14% dos votos. No gráfico abaixo observamos que Zelenskyi já havia crescido nas pesquisas de intenção de voto desde o ano passado (2018), acelerando a partir de dezembro de 2018 (linha verde clara), enquanto que Tymoshenko já vinha em declínio (linha vermelha) e Poroshenko (linha azul) em crescimento também, porém mais lento.

Eleição Presidencial da Ucrânia – 2019

Embora a diferença entre o primeiro e o segundo colocados seja significativa, Petro Poroshenko é um político experiente. Ele já fala em “mobilização total dos patriotas ucranianos”, usando a retórica nacionalista ao mesmo tempo em que acusa Zelenskyi de ser mero títere de um oligarca, Kolomoisky.

Por outro lado, Poroshenko enfrentou a fúria das manifestações de nacionalistas contra seu governo. Grupos de militantes nacionalistas, o National Corps, acompanharam-no em seus comícios, acusando-o de corrupção. Aliás, a reclassificação do grupo para “perigosos paramilitares com ligações com a Rússia”, já que durante a Guerra do Donbass fora chamado de “defensores heroicos de Mariupol”, informa muito sobre a guerra de informações e contrainformações no período pré-eleitoral.

Com sua popularidade caindo de mais de 50% em 2014 para menos da metade em 2019, Poroshenko tem de lidar com os casos de corrupção envolvendo seu governo, particularmente o do setor de defesa, casos da UkrOboronProm e da estatal de gás, Naftogaz. Contra isso, parte significativa do eleitorado preferiu apostar na “renovação”, em que pesem críticas quanto a sua inexperiência em dirigir um país em guerra, como ocorre no Leste, nas regiões separatistas do Donbass.

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Fontes das Imagens:

Imagem 1 Volodymyr Zelenskyi” (Fonte): https://commons.wikimedia.org/wiki/File:ВладимирЗеленскийв_Чехии.jpg

Imagem 2 Eleição Presidencial da Ucrânia – 2019” (Fonte): https://ru.wikipedia.org/wiki/Файл:Ukraine_Presidential_Election_2019.png

Eleições na Ucrânia

“Bandeira da Ucrânia ” (Fonte): https://commons.wikimedia.org/

31 de março agora teremos eleições na Ucrânia, ex-república soviética as voltas com conflitos com a poderosa Federação Russa, rebeldes separatistas internos apoiados por Moscou e uma economia fortemente dependente do transporte de gás da Rússia para a Europa Ocidental.

Então, quem são os candidatos fortes a ocupar a cadeira presidencial no país? O que representam e a quem se filiam?

March 31 we will now have elections in the former Soviet republic, the conflicts with the powerful Russian Federation, internal separatist rebels backed by Moscow and an economy heavily dependent on gas transport from Russia to Western Europe.

So who are the strong candidates to fill the presidential chair in the country? What do they represent and to whom do they join?

Cf. Eleição Presidencial na Ucrânia: quem são os principais candidatos https://ceiri.news/eleicao-presidencial-na-ucrania-quem-sao-os-principais-candidatos/ via CEIRI News

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