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Anselmo Heidrich

Defendo uma sociedade livre baseada no governo limitado e estado mínimo.

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Brasil

Quando um paranoico lidera

Alguns irão à manifestação porque são contra os que querem derrubar o governo, mas eu pergunto quem age mais contra o governo senão o próprio?

É tal o grau de divisão que se eu publico uma imagem de uma ministra da agricultura louvando acordo com Vietnã me acusam de não valorizar o todo e isso ser opinião “da Globo”.

Só mesmo em um país insano para atribuir todas nossas principais mazelas a uma emissora de TV que vende o que a maioria de nós paga para ver.

Outro dia discutia com um bolsominion e ao dizer que a preservação de nossas relações com a China dependerá do Vice-Presidente, fui acusado de gostar da China. Como se eu gostasse de uma ditadura comunista, como se eu gostasse de ditaduras, como a militar que eles, fanáticos bolsominions dizem admirar.

É tanta dispersão de atenção que só posso entender isso como movimento de massa, de fanáticos mesmo. Imaginem um paranoico, que se irrita quando um de seus interlocutores questiona uma de suas ideias e é visto como um forte opositor, do tipo que endossa todos os delírios do paranoico. Por isso ele faz tantos inimigos, porque o mundo de um paranoico é feito “deles contra nós” e no limite, “deles contra eu”.

Como qualquer político, pastor, líder carismático, qualquer pessoa que fale com grande convicção para uma massa de ouvintes semi-alfabetizados e ávidos por guias espirituais, esse sujeito tem um séquito e não discípulos. E ele curte isso. Não vê pessoas, mas um gado e quando uma dessas ovelhinhas se desgarra, o foi por ação diversionista de algum lobo esperto ou porque era uma ovelhinha negra.

Agora, imaginem um doido desses que parte para uma festa de palavras, uma folie à deux em que vários de seus seguidores cada vez piores em intelectualidade e mais fanáticos passa a enxergar conspirações em qualquer ato político que, na sua essência é do jogo do poder mesmo. Não demora muito estarão escrevendo uma carta ridícula dizendo que “o país acabou”.

Mas calma que não ficamos nisto, imagine que este doido receba uma medalha com a mais alta honraria deste país por serviços prestados enquanto que o mais homenageado e respeitado dos militares, guerreiros que colocam seus ombros como escudos para nós o acusa de “desserviço ao país”. E por isso é chamado de “doente em uma cadeira de rodas”.

E quem autoriza a entrega da medalha para o doente mental em outro país, que sequer se dignou a vir busca-la foi o Presidente da República.

Todos já devem ter ouvido histórias de homens pusilânimes que são manipulados por mulheres megeras e inteligentes. Pois é, ao paranoico auto-exilado só faltou a vagina, pois é histriônico e vingativo.

Vingança feminina é a pior.

Vejamos os outros do outro lado, garotos que estudam e resolvem por a política em prática. Eles criam um movimento e, entre erros e acertos chegam à representação na Câmara. São os soldados do principal objetivo prático do governo, uma reforma da Previdência Social, responsável pelo nosso maior déficit público.

Eles passam sob as lentes dogmáticas dos eleitores do auto-proclamado “mito” a serem vistos como “traidores” porque focam no que interessa e sabem que as novas manifestações são menos pelas reformas e mais para encobrir os desmandos presidenciais e de seus filhos que adoram o doente mental auto-exilado.

Outras pessoas que por razões justas ou acasos ficaram para trás no rolo compressor liberal que surgiu pegam carona na onda conservadora e se intitulam “anti-liberais”, porque estes “não preservam as tradições”, sem perceber que no Brasil, o grande problema está em nosso conjunto de tradições que perverte a política — o clientelismo, o nepotismo, o assistencialismo, o coronelismo etc.

A confusão política é precedida por uma confusão conceitual, de nomenclatura mesmo. A importação anacrônica de uma teoria que divide os espectros políticos oriunda da Europa e dos EUA para cá, sem as devidas adaptações fez com que essa massa de fanáticos empunhasse uma bandeira que não existe aqui, a do Conservadorismo.

Por conta disso, dessa adaptação feita nas cochas se defende as maiores atrocidades, como o assassinato de centenas de pessoas por serem “esquerdistas”.

Obviamente, que assaltantes de banco e bandidos têm que ser contidos com força letal, se necessário, mas não por acreditarem em mitos de esquerda e sim, simplesmente, por empunharem armas ameaçando cidadãos. A questão é que esses não chegaram a 500. Se matou mais do que seria justo e por razões injustas.

Mas vai argumentar isso para quem busca uma panaceia política baseada no Catolicismo e vê a diversidade religiosa como um mal em si. Daí os militares passam de “defensores da República”, “os únicos que não se contaminaram com o gramscismo” para traidores porque não deram fim nos esquerdistas, porque são “positivistas”, maçons etc. e tal.

Se voltássemos no tempo e disséssemos a um leitor da Revista Planeta que aquele articulista que tentava explicar as transformações do Leste Europeu pelas posições dos planetas no nosso Sistema Solar afetaria tanto assim a política nacional, o mais devoto dos ocultistas daria um sorrisinho de canto de boca me achando pirado.

Só que entre um episódio e outro, “paranoico escrevendo em revista de misticismo” para “paranoico recebendo medalha da Ordem do Rio Branco” existiu um fenômeno, o da comunicação descentralizada de massa, a Internet.

Nela, os youtubers que recebem “likes” quanto mais visualizações têm e para atingi-las se pode conseguir da forma difícil com (a) conteúdo sério ou da forma mais fácil, com (b) intrigas — “tretas” como são chamadas.

O próprio paranoico é um desses que vive disso e promove seus cursos on line com mais visualizações de seu canal em que abusa da linguagem de sarjeta misturada com o estilo de um Ratinho e Márcia Peltier.

Mas como uma ejaculação precoce, a influência do paranoico fez água e agora, de modo esperto, os incompetentes que querem desviar o foco dão uma cartada como sempre fez a esquerda: criar um mito e uma história de “perseguição”.

Todo governo incompetente faz isso: busca inimigos para se justificar.

Apenas lembrem-se que a ofensa feita ao Clube Militar não deve ter passado em brancas nuvens. E se amanhã ou depois, dependendo do andar da carruagem, essa trupe for defenestrada do Palácio do Planalto não vai adiantar ficar de mi-mi-mi: eles tiveram a sua chance.

Por mais que você tente dissuadi-los, meu conselho é, use-os, use-os como escadas para subir e falar aos que não caíram na conversa fiada persecutória. Paranoicos são como cogumelos, sempre prontos a surgir após uma chuvinha qualquer e chuva de imbecilidades, charlatanismo e messias é o que não falta.

Doentes.

Anselmo Heidrich

19 mai. 19

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Imagem “Amazing Field of Miniature Mushrooms”: https://www.flickr.com/photos/pictoscribe/30748125366

Você ainda tem esperança de que o Brasil se torne um país de excelência em saúde, educação e segurança nos próximos 30 anos?

Minha resposta a Você ainda tem esperança de que o Brasil se torne um país de excelência em saúde, educação e segurança nos próximos 30 anos? O que o leva a pensar assim? https://pt.quora.com/Voc%25C3%25AA-ainda-tem-esperan%25C3%25A7a-de-que-o-Brasil-se-torne-um-pa%25C3%25ADs-de-excel%25C3%25AAncia-em-sa%25C3%25BAde-educa%25C3%25A7%25C3%25A3o-e-seguran%25C3%25A7a-nos-pr%25C3%25B3ximos-30-anos-O-que-o-leva-a-pensar-assim/answer/Anselmo-Heidrich?srid=n4EX2

Tudo depende de ações de longo prazo e reformas estruturais, o problema é que isso passa pela ação política. P.ex., vivemos um momento histórico de transição, para uma economia mais livre, mas para tanto o Congresso, venal que temos, tem que agir cortando na carne, nem tanto dos parlamentares, mas de seus assessores e escalões inferiores do funcionalismo público de onde vem boa parte de seu apoio político através de ações clientelistas — troca de favores. 

Neste ritmo de reformas lentas, graduais, de um passo para trás para conseguir dar dois para frente, espíritos revolucionários (tanto de Direita quanto de Esquerda) acham que nada mudará, mas se observarmos como uma simples reforma da previdência pode adiantar uma enorme quantia de recursos que pode ser investida na criação de infraestrutura (portos, estradas, aeroportos, redes de transmissão etc.) e consequente atração de investimentos (diretos e indiretos, em produção e meros investimentos especulativos), o cenário se modifica para quem observa. 

A saúde é mais objetiva, pois seus indicadores são mais claros, é talvez o mais fácil de atingir, mas para isso, certos limites à expansão de serviços caros têm que ser estabelecidos (não dá para distribuir drogas caras em detrimento de leitos hospitalares, p.ex.); a segurança pública depende de expedientes legais e tenho que dizer que precisamos reduzir a tendência jurídica chamada de “garantista” que dá muitos benefícios, na verdade, privilégios aos condenados que os permitem estabelecer redes de contato que estruturam o crime organizado. Paralelamente, a defesa individual precisa ser garantida. Não é possível que em um país com cerca de 60.000 homicídios ao ano ainda se questione o direito à defesa (armada) do cidadão; a área educacional é a mais nebulosa porque o brasileiro mediano não a valoriza. Seja aluno de curso superior, que tem privilégios graças ao financiamento público para uma elite cursar a universidade ao pai de família da periferia urbana que acha que seu filho vai ganhar dinheiro e “fazer a vida” sem aquela “teoria chata” que “não serve para nada”. Isto se explica em parte porque o ensino técnico-profissionalizante do ensino médio foi abandonado e é neste nível de ensino que reside nosso buraco negro, em abandono e falta de direção pedagógica. Aliás, pedagogos são os responsáveis por criar teorias descoladas da realidade que pouco ou nada servem aos alunos. Se isto for questionado claramente, não vejo porque não nos tornarmos uma sociedade muito melhor em uma geração, cerca de 30 anos.

Anselmo Heidrich​
9 mai. 19

Para quem quer a guerra com a Venezuela

Você apóia uma intervenção militar na Venezuela para depor Nicolás Maduro?

Em primeiro lugar, não tenho nenhum apreço por este sujeito e sim, asco. Mas não é disto que se trata…

Para apoiar uma intervenção, a primeira pergunta que se põe é:

1ª) Qual o grau de apoio INTERNO à grupos ou exércitos estrangeiros?

Parece óbvio que sim, mas a pergunta não foi respondida: eu quero saber o percentual de apoio ou uma mera estimativa. Porque, meu amigo, se não for significativo, por melhor que sejam tuas intenções, tu serás visto como um INVASOR.

Seguem outras questões derivadas:

2ª) “Matar o elefante é fácil, difícil é remover o cadáver”, já dizia Mikhail Gorbachov… Como vc pensa em administrar o país após invadi-lo e matar milhares (supondo que sejam poucos a matar)? Ou vc pensou que não haveria resistência?

Uma maneira mais branda de fazê-lo é obter apoio INTERNO, mas isto significa negociar com as mesmas forças (militares, sobretudo) que apóiam Maduro, para que elas o abandonem, que é o que Juan Guaidó tentou, sem sucesso fazer.

3ª) Qual o montante de recursos que se pretende dispender nesta empreitada? Sim, tudo custa, tudo tem custo e a ocupação pós-ataque é cara. Talvez seja bem melhor investir numa infraestrutura de defesa fronteiriça e para receber os refugiados de uma guerra civil que se avizinha.

4ª) Quanto ao custo comece pensando também na tecnologia militar. Embora o Brasil tenha um maior exército (até onde sei), a Venezuela conta com um aparato, principalmente aeronáutico melhor que adquiriu da Rússia, o que será essencial numa região desprovida de estradas. Como pensamos em invadir? Por terra que não será o caso. Quem pode fazer melhor, a partir do Caribe são os EUA. O que o país de Donald Trump tenciona fazer ou vamos entrar de cabeça nessa sem sentar a mesa no Pentágono? Por acaso alguém aqui joga xadrez? Quem quer ser o peão? Então, sem uma estratégia conjunta, como um plano de empresa, detalhado ponto por ponto é tolice entrar nessa.

5ª) Quer mesmo retirar Maduro do poder? Contratem assassinos e ponto. Mas lembre-se que só isto não basta, pois retirar Maduro não é retirar o chavismo, que permance vivo e forte matando e destruindo pessoas e a economia. Então, paralelamente aos planos de depor Maduro, as negociações com os militares, inclusive de anistiar assassinos que vinha fazendo Guaidó – o autodeclarado presidente interino da Venezuela – têm de continuar.

A situação do país não é confortável, nem para a oposição de Juán Guaidó, nem para Nicolás Maduro que se viu enfraquecido na útlima manifestação na semana passada. Inclusive, a repressão, em que pesem as cenas brutais de blindados esmagando pessoas, foi mais branda que em anos anteriores.

A Venezuela continuará sendo apoiada por lixos humanos como Gleisi Hoffmann e Lindbergh Farias do PT, assim como idiotas úteis que admiram um cínico como Mujica, ex-presidente do Uruguai quem disse que não deveriam ficar na frente dos tanques para não serem atropelados por eles, algo como “se não quer se estuprada não use roupas sexy…” Mas eu não importo com a opinião de babacas, eu me importo com a opinião de gente íntegra, mas mal informada: o que você pensa sobre isso? Lembre-se quantos anos os EUA ficaram no Iraque após atacar as tropas de Saddam Hussein em 2003? SETE ANOS. Agora se pergunte sobre o custo e imagine o que teríamos que gastar.

E uma última consideração:

Se tudo der certo, Maduro é deposto, os militares, pelo menos a maioria se convence de que têm de mudar de lado, a economia começa aos poucos a reagir, o que vc acha que pensarão os venezuelanos, milhares que tiveram parentes mortos por brasileiros? Os EUA estão longe dali, Maduro provavelmente estará morto, mas a fronteira será permanente e o contato conosco idem. Vc acha que isso não trará consequências?

Por fim, não sou um pacifista nato. Acredito que se desejo a paz, devo me preparar para a guerra, mas assim como nas relações pessoais, a violência deve ser o último recurso. E nem todas as fichas foram esgotadas nesse jogo macabro.

Ainda outra coisa: se a guerra é desejável, te aliste. Vá no lugar do teu e do meu filho. Isto é o mais honesto que se pode fazer.

Anselmo Heidrich
3 mai. 19


Imagem: Reunião Bilateral Brasil-Venezuela, 11 set. 2018
Fonte: https://www.flickr.com/photos/ministreiodadefesa/43923265824/

Educação é o contrário do que dizem os especialistas

Matéria da @bbcbrasil intitutlada “5 questões urgentes da educação brasileira que o novo ministro Abraham Weintraub vai enfrentar” de Paula Adamo Idoeta — @paulaidoeta — é mais uma daquelas provas de que quando falam ou discutem sobre “educação”, geralmente, não tocam em nada urgente, fundamental ou difícil. Vou, ponto por ponto…

A primeira delas, segundo a BBC:

1. Modelo de financiamento está prestes a expirar

O fundo federal de 150 bilhões por ano tem prazo para acabar, em 2020 e é responsável pelo sustento de mais de 180 milhões de matrículas.

Sinceramente, alguém acha que isto não vai ser extendido ou ampliado? Agora, a questão que não é contemplada, este é o melhor modelo que conseguimos obter? Ficar refém dos humores do Congresso e a aprovação de projetos e emendas, cujo teor sequer deveria ser questionado é ridículo. Já, o método de execução e implementação dos recursos sim, mas isto, ao que eu saiba, não é cogitado.

Outra questão não menos importante é discutir a reforma tributária incluindo estes repasses, pois ao invés de tributar e recolher recursos dos estados e municípios para ir para Brasília para depois retornar através de fundos como o FUNDEB — Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica -, o melhor seria que nem saíssem de onde foram gerados. Este é o ponto, a descentralização tem que ser em todos os sentidos, inclusive administrativa e fiscal.

Agora, as questões propriamente pedagógicas…

2. Colocar em prática a Base Curricular

Em primeiro lugar dizer que isto foi “imposto pela gestão Temer” é para eximir a responsabilidade das gestões petistas, uma vez que este monstrengo foi criado no período de ministério de Renato Janine, ainda no Governo Dilma.

Para quem não sabe do que se trata, a BNCC — Base Nacional Curricular Comum -, sim, esse nome horroroso é, basicamente, um currículo comum a ser aplicado nacionalmente. Vejam, das duas uma, ou tu assumes o princípio de que o país é o quinto maior do mundo em extensão e população e tem um quadro social e cultural extremamente diverso, não sendo recomendado homogeneizar o ensino ou parte do princípio de que se quer formar um currículo comum assumindo que seja fundamental a todos. Para mim é óbvio que português e matemática seriam isto e já estaria de bom tamanho, sem que seja necessário reformular o ensino de história, geografia e ciências. E lendo em detalhe as propostas já enviadas no período do governo Dilma fica claro porque o apreço por este lixo teórico: ideologização pura e simples, na qual o ensino de história perde os assuntos relativos à Europa para dar primazia ao pouco que se sabe da África e inventar história, isto mesmo, baseada na mitologia ameríndia. Feito isto durante 25 anos tu já tens um exército de indivíduos amestrados prontos para venezuelizar o Brasil varonil. Isto sem falar no estelionato pedagógico da ideologia de gênero igualmente contemplada.

Agora algo que valeria muito a pena:

3. Dar rumo à reforma do ensino médio

Esta foi uma excelente proposta, essa sim do Gov. Temer, de criar especialidades, Humanas, Exatas e Biológicas no Ensino Médio, para as quais se concentrariam os estudantes. Mas, não foi basicamente por falta de recursos como está nos comentários de “especialistas”, mas sim por falta de pessoal (professores) qualificados. Tanto que o projeto procurava regularizar algo que já existe, a legalização/regulamentação de professores que não possuem o título formal dessa especialidade.

Outro dado não contemplado nos comentários da matéria é que boa parte da rejeição veio da militância petista, psicopata claro, que rejeitou o projeto por não ser de origem petista, uma vez que Dilma já havia sido impichada. E também por aquela massa acéfala de professores que acham que tudo em termos de educação se resume à maiores salários e flexibilização no ensino de modo que a aula fique mais criativa, de acordo com suas predileções políticas e menos rigorosa em termos científicos.

Eu acho o próximo tema importantíssimo, mas é geralmente o de pior análise e tratamento:

4. Formação de professores

Em primeiro lugar, não existe esta cisão entre “teoria” e “prática”, mas teoria errada, que não explica a realidade ou não parte da realidade. Os professores brasileiros sequer tem disciplinas de “resolução de conflitos”, coisa que qualquer RH leva em conta, mas não quem acha que ensinar, educar uma massa de crianças e jovens não sofra com isso. A questão disciplinar é SUMAMENTE IGNORADA.

Deixe-me fazer uma pergunta: se triplicarmos o salário de policiais corruptos, eles deixarão de ser corruptos? Não, né? Então por que, diabos, uma melhor formação não deve levar em conta pessoal novo para reciclar o pessoal que dificilmente vá deixar seus vícios de trabalho?

Assim como o Mais Médicos dificilmente leva pessoal à cidades sem infraestrutura só pelo salário, não bastam melhores salários sem condições adequadas e qualquer um que saiba o que é uma escola, principalmente pública, mas não somente, as privadas também sabe que sem DISCIPLINA, esquece. Ponha a pedagogia que for, o método que for, tudo, grana, tudo, nada funcionará.

Se atribui muita importância ao Enem e ele é um problema em si, não uma solução:

5. Enem, prova de alfabetização e demais avaliações a perigo

Assim como a BNCC, as avaliações não deveriam ser centralizadas. Vestibulares isolados, como eram no passado, tinham excelente qualidade e eram muitíssimos mais rigorosos exigindo que o mérito fosse individual e não por questões étnicas, sexuais ou outras quaisquer que só subsistem rebaixando o nível de ensino e sua exigência.

Compartilhem.

Anselmo Heidrich

9 abr. 19

Em tempo: @bbcbrasil vejamos isto aqui “Daniel Cara, coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, diz que o Brasil tem a tradição de ‘nomear ministros homens acadêmicos que não entendem de Pedagogia ou de políticas para a educação básica’”

[https://www.bbc.com/portuguese/brasil-47858435?SThisFB&fbclid=IwAR3wfRQkR8N8ZXbjwpfI2Gkak0RYVErLP9_DgYb-pBWPlavQ0WpSw7nhHjM]

E… DESDE quando pedagogia não é preocupação sumamente acadêmica? Quais teorias pedagógicas se aplicam, OU MELHOR, são úteis e eficazes no ambiente escolar?

Eu, com mais de 25 anos de sala de aula, tendo ministrado aulas no ensino fundamental, médio, superior, pré-vestibular vos afirmo: praticamente NENHUMA.

Imagem (fonte): https://www.flickr.com/photos/moeview/498704676

Olhe para o mapa e ignore o astrólogo

A anamorfose acima retrata os países do globo de acordo com sua população, i.e., quanto maior for, maior a área ocupada no mapa. Notem o evidente gigantismo asiático…

Agora, cá entre nós, só um COMPLETO IDIOTA irá querer isolar diplomática, econômica e politicamente países como CHINA e Índia. Na verdade, uma vez tentado, quem se isola é o próprio idiota.

Não precisa se concordar com um regime ditatorial, mas querer que um país com população gigantesca, economia pujante e gasto militar crescente padeça é assinar o atestado de morte de 1/5 da população mundial e, por extensão, da própria economia brasileira.

Se há alguma chance desta ditadura deixar de existir no longo prazo será através da comunicação e comércio internacional, não através de ligações carnais com uma potência exclusiva, a saber, os EUA.

Acho que se o Brasil quiser mesmo pensar grande tem que aprender a jogar o Great Game e isto inclui saber se relacionar com os grandes players. O preconceito contra a China, esta “sinofobia” só revela o comodismo e mofo cerebral de um macaco nu que já foi astrólogo e agora usa as vestes do fanatismo ideológico para esconder suas vergonhas de paranoide.

Adotar um sistema de vigilância em aeroportos não nos exime de identificar o mesmo e fazer, inclusive, tecnologia reversa. Na verdade, isto é só a porta de entrada para investimentos de dezenas de bilhões de dólares em VÁRIAS áreas.

E se quisermos evitar que o gigante asiático invista em decrépitos regimes comunistas, como o da Venezuela, nós temos que assumir a hegemonia no subcontinente aprendendo a nos relacionar e interagir sem ser infantil ao ponto de ouvir um maluco no YouTube e ignorar conselheiros e estrategistas que conhecem a China de perto.

Olhe novamente para o mapa abaixo e diga se você quer ficar fora desse mundo e ser excluído ao ponto de se tornar um pária internacional insignificante abaixo do cu do cachorro indo pairar na cauda que mais parece a Península Antártica.

Acho que não.

Então, larguem essas “dorgas” e leiam sobre quem já comercializa com a China, como países africanos que ostentaram taxas de crescimento do PIB bastante positivas desde o ano passado.

Eu temia, sinceramente, que o Brasil se tornasse um antro de fanáticos pulando de pólo em pólo como uma bolinha jogada em uma máquina de Pinball. Mas parece que me equivoquei — ainda bem — e algum capitão tomou a carta nas próprias mãos.

Aproveitemos esta cisma entre Donald J. Trump e Xi Jinping e não nos deixemos enganar que por trás desse purismo todo, o que existe é uma guerra comercial que vai além do interesse de empresas, mas engloba estados-nações em uma corrida tecnológica.

Isto não me leva a baixar a guarda para a possibilidade de infiltração ou espionagem, mas o que vale para cuidados com Pequim, também vale para Washington.

E terceiros podem tirar vantagens de conflitos entre dois contendores.

Anselmo Heidrich

18 jan. 19

[Fonte da imagem: https://mapsontheweb.zoom-maps.com/post/58924412797/world-map-adjusted-for-population-size]

O Segredo de Praga

O que tem Praga, a capital da Rep. Tcheca e da ex-Tchecoslováquia? Quando o país cindiu, nos anos 90 foi uma calmaria só, decidida através de plebiscito e se separaram numa boa, como um velho casal que já não mais praticava o santo ofício sexual, Tcheca pr’um lado, Eslováquia pro outro. Mas se observamos em outros mundos foi tudo bem diferente.

A Iugoslávia, caldeirão multi-étnico, religioso, linguístico e todos governados por um partido, o comunista se desestruturou após a morte de seu general, Josip Broz, vulgo “Tito”. Bem que tentaram a democracia, mas o poder era sérvio. Croatas brigaram com sérvios, depois muçulmanos na Bósnia com eles e até hoje, a relação com regiões e países vizinhos não é tranquila. Todos os anos, sérvios, os eslavos do sul marcham para o Kosovo onde há uma população muçulmana que quer autonomia para celebrar uma batalha perdida na Idade Média onde seus cavaleiros tentando defender a região foram trucidados por tropas turcas, isto é, muçulmanas. O carnaval dos caras ou algo equivalente, aguardado todo ano é uma ode a uma batalha em que perderam, uma lamentação, uma lamúria sem fim entre cristãos ortodoxos para repassar sem falta o ódio aos muçulmanos que os escravizaram, torturaram, estupraram mulheres e filhas. Mas o que diabos isso tem a ver com os descendentes que acreditam em Alá e não em Jesus? É um símbolo. É o que mantém a identidade daquele povo, o ódio.

Mais a leste durante o período dos sultões muçulmanos, a Turquia tinha uma rígida hierarquia militar, de modo que era lícito ser sodomizado por um superior, mas nunca por um subordinado, pois daí já era viadagem demais! Convenhamos… O massacre perpetrado pelos turcos aos cristãos da Armênia também é lembrado até os dias atuais - um genocídio - e a reprodução deste sentimento se dá até com a celebração de crianças e bebês turcos suspensos em ganchos de açougue. Tudo em nome de deus. “Não!” Direis vós a este pobre infiel. Bem, vocês que têm fé que discutam as leituras e interpretações, eu só relato.

Mais ao sul, nas planícies da Mesopotâmia, o pobre perseguido por Bush filho, Saddam ceifou a vida de 5.000 em uma vila curda num único dia com gases tóxicos. Mais ao sul secou os mananciais da seita xiita, sua rival empobrecendo seus campos para cultivo. Durante a Segunda Guerra do Golfo, os aliados turcos da Otan contaminaram as nascentes do Tigre e Eufrates que seguiam para o Iraque matando árabes e de escanteio, curdos. Dois coelhos com uma só cajadada.

Na vilipendiada África pelos europeus, não faz muito tempo, centenas de milhões morreram em sucessivas carnificinas entre tutsis e hutus em Ruanda. Quem era mais alto - sudaneses tutsis - tinha pernas ou cabeça cortadas como símbolo de equivalência com o hutus, da etnia bantu. E agora, já há algum tempo, os muçulmanos haussas do norte da Nigéria sequestram e escravizam mulheres - e matam professores de geografia que insistem revelar que a Terra não é plana - dos ibos mais ao sul. Para o leste, o miserável Sudão foi dividido entre os muçulmanos do norte e kafirs (infiéis) do sul, inclusive com toques medievais de queima destes, regalo igualmente concedido aos cristão. Põe na conta da “dívida histórica” para contentar teu professor de humanas, assim tu tira um 10 na avaliação.

Eu poderia me alongar nisso, mas não posso deixar de comentar sobre nosso patrono do exército brasileiro, Duque de Caxias que mandava contaminar a montante do Rio Paraguai para contaminas as águas que os paraguaios iriam beber. Solano López, por seu turno, era outro projetinho de führer guarany que errou redondamente ao invadir terras do Mato Grosso. Mas quem paga o pato em massa é o índio embebido de nacionalismo, um conceito alienígena para aculturá-lo. Talvez pôr fim a essas vidas seja melhor do que o estupro em massa ordenado pelo condenado e executado criminoso de guerra sérvio, Slobodan Milosevic. Diferentemente fizeram os portugueses que se acasalaram com as índias litorâneas para usarem os sobrinhos como braços no extrativismo. Bem, não se pode dizer que não uniram o útil ao agradável e a herança de crianças criadas sem pais ou de pais que não são homens para assumir nada é uma de nossas singularidades.

Quem não tem um tio no churrasco que com a boca cheia de carne mal assada e com pança obscena ao lado da mãozinha pequena segurando uma Skol vagabunda já não vociferou “o problema no Brasil é que não teve nenhuma guerra, nenhuma revolução, por isso que somos pacíficos!” Então, para compensar esse nosso gap histórico está na hora da caça às bruxas, Ok? Saiamos às ruas, nobres guerreiros, os moleques de videogame com suas roupas de marca compradas no AliExpress e bem nutridos com leite desnatado devido a sua intolerância à lactose e os corôas com suas calças camufladas e roupas com as cores nacionais. Em uníssono clamam por um herói que expie seu medo ao marchar contra o inimigo. Livrinho do Ustra no criado mudo, camiseta do candidato, lições assistidas exaustivamente nos canais de YouTube que misturam análise com tretas e muita teoria conspiratória na cabeça. Essa química funciona e não vai faltar quem a alimente. Do outro lado do espectro político, magrinhos com lábios sujos de tanto palheiro e meninas que se deterioram aceleradamente com a comida de bandejão são subsidiados por nós para serem doutrinados em universidades públicas. Como Yin e Yang, os imbecis são retroalimentados com a manifestação de ódio comum a ambos.

Velhos cinquentões que passaram a vida assistindo a luta romantizada de assassinos eficazes, fossem eles snipers, mercenários ou meros soldados anônimos lutam de verdade motivados pela próstata tamanho bola de boliche ao levantarem de suas camas todas as noites tentando acertar o vaso sanitário para não sujá-lo com seus pênis murchos e incompetentes. Esses são os justiceiros sociais ou neocruzados conservadores que abundam na selva da internet, mas cujos políticos que admiram, nutrem o respeito necessário aos idiotas úteis que são.

O Brasil de hoje mais parece um carro desgovernado descendo a anticlinal na banguela, batendo no guard-rail ora a esquerda ora a direita. Que vai chegar ao destino, isso vai, mas sem a certeza de ter valido a pena. Enquanto isso, o primeiro presidente na antiga Tchecoslováquia, o dramaturgo Vaclav Havel falava em entrevista logo após que ele não estava preocupado em denunciar o antigo amigo que trabalhara para o Partido Comunista, mas em costurar o seu futuro. Naquela época era sobrevivência e hoje, ironicamente, ambos países Tcheca e Eslováquia discutem uma possível reunificação. O excelente Morgan Freeman ao comentar sua participação em Mandela também falou sobre o sentido do perdão, ao comentar o fim do Apartheid na África do Sul: é necessário em algum ponto de nossas vidas estabelecer uma linha a partir da qual há um novo começo e o passado é esquecido. Se não fizermos isso, nada muda de fato.

Você que está lendo tem a chance de fazer isto nestas eleições. Escolha o candidato pensando nisto. Recentemente, um deles se dirigiu acamado ao adversário dizendo “você também é humano”. Senti pena de verdade, pois a beira da morte, no limbo de sua vida parece ter aprendido algo. Mas eu não vejo isto em seus seguidores e em nome de um futuro, eu não voto nele, não por ele, mas pelo legado que deixa a uma horda insana que quer um macho destruindo tudo sem sentar e raciocinar o que seria um projeto comum. Como eu disse, esta perda de testosterona de alguns faz com que busquem no presidente seu alter-ego. Esqueçam, antes que tudo que vocês tenham seja a visão do Sol se pondo e remorso por ter errado frente a urna. Afinal, quem faz cerveja com a República Tcheca deve ter muito a nos ensinar.

Anselmo Heidrich
17–09–2018

A Inveja como Fator Histórico

Por conta do meu penúltimo texto, sobre a Suécia, eu recebi um comentário:

As elites as quais a esquerda se refere são os verdadeiramente ricos, os que dão as cartas, não á classe média que compra carro e casa á prestação e pensa que é elite. As cotas são um meio ineficiente de diminuir o gap social entre etnias historicamente desprivilegiadas, escravizadas no caso do Brasil. Isso é diferente de imigração, portanto, o problema sueco é completamente diferente. Lá existia um equilíbrio que foi quebrado com a imigração, no Brasil nunca houve equilíbrio a ser quebrado. A sociedade sueca sempre foi igualitária até a chegada dos refugiados, enquanto a sociedade brasileira foi construída em torno da desigualdade, com base na mão de obra escrava, de uma escravidão que foi abolida sem levar em consideração as massas de desempregados que veio com ela. O problema sueco está na incapacidade de fazer prevalecer a sua cultura, enquanto o Brasil precisa consertar erros do passado pra que sua cultura seja construída de forma igualitária. Não gosto de cotas, penso que essas perpetuam a desigualdade, mas reconheço que algo precisa ser feito pra mudar essa condição, pra que no futuro possamos nos orgulhar de ter construído uma sociedade justa…

Antes de mais nada, independente do teor da crítica ou comentário, eu aprecio o tipo que ataca o conteúdo e não apela para a forma ou desvirtua denegrindo seu oponente. Eu discordo do comentário acima, em quase tudo, mas o ponto é que vale a pena discutir com gente assim. Simplesmente, vale a pena, pois se aprende mutuamente ou, se no limite, não se aprende com o ponto de vista adverso, se aprende ao tentar rebuscar nosso argumento. Então vamos lá…

Quem são os ricos que a Esquerda destesta?

A Esquerda se refere a ricos, ricos sim quando pensa em termos marxistas, como uma classe detentora dos meios de produção extraindo a mais-valia de outra, ou seja, explorando-a. Mas isso que está fundamentalmente errado, pois não há uma classe com posse de meios de produção necessariamente com maior renda que aqueles que não os têm. Por duas razões: a composição e o modo como as classes se estruturam mudou bastante desde a época de Karl, hoje em dia nós temos muito mais gerentes e grandes acionistas que dividem seus investimentos em vários fundos sem, necessariamente, deter os meios de produção de grupos industriais, agrícolas ou extrativistas específicos. Em se tratando de Brasil, a burocracia governamental ou para-governamental tem muito mais poder e dinheiro do que empreendedores privados, o que denota que este terceiro elemento, o estado não é levado na devida conta pelos marxistas (basicamente porque Marx não tinha uma Teoria do Estado). Veja aqui quem pertence a posição dominante na estratificação social brasileira:

Elite estatal ocupa 6 das 10 profissões mais bem pagas @estadao: https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,elite-estatal-ocupa6-das-10-profissoes-mais-bem-pagas,10000081214

Por outro lado, os esquerdistas de hoje estão mergulhados de tal forma em um mar de ignorância e imbecilidade que seus argumentos (se é que se podem chamá-los disso) beiram o puro preconceito e antipatia irracional. O caso mais conhecido é de Marilena Chauí, professora de filosofia da USP e típico exemplo de elite estatal, muito bem remunerada, diga-se de passagem. Vejamos o que ela diz:

https://youtu.be/svsMNFkQCHY

Entre outras asneiras, a professora opõe a classe média aos “trabalhadores”, como se ela própria não fosse constituída, majoritariamente, por membros da População Economicamente Ativa (P.E.A.), isto é, trabalhadores de fato. Marilena Chauí perdeu uma maravilhosa chance de calar a boca e demonstrou toda sua ignorância em (a) termos marxistas, pois as classes médias não faziam parte do “motor da história”, não executavam a exploração, nem eram exploradas; (b) em termos conjunturais, pois contradiz a própria alegação auto-meritória de seu partido, o PT, que diz “ter aumentado a classe média brasileira” ao colocar milhões de brasileiros no mercado consumidor com seu Bolsa-Família:

35 milhões de pessoas ascenderam à classe média https://exame.abril.com.br/brasil/35-milhoes-de-pessoas-ascenderam-a-classe-media/ via @exame

Muito embora, a incorporação dessas dezenas de milhões a um estrato social intermediário tenha sido mais a um estratagema estatístico do que à distribuição de renda compulsória:

Depois de inventar a classe média dos R$ 300, PT está prestes a declarar oficialmente o fim da miséria que, a rigor, já não existia. Veja como e por quê https://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/depois-de-inventar-a-classe-media-dos-r-300-pt-esta-prestes-a-declarar-oficialmente-o-fim-da-miseria-que-a-rigor-ja-nao-existia-veja-como-e-por-que/ via @VEJA

As cotas raciais criam uma elite entre negros, pardos e indígenas

Até do ponto de vista esquerdista, que se apoia basicamente na ideia de transferência de renda, as cotas raciais para serviços públicos ou universidades é um anacronismo. Em primeiro lugar porque no Brasil, pardos não são minoritários. Então, as cotas seriam para a maioria e não para um “grupo desprivilegiado”. Para ser coerente com seu propósito, negros, pardos e indígenas teriam que somar cerca de 12%, como é nos EUA, de onde foi importada a ideia. Em segundo, quando se facilita a entrada desses grupos em universidades concorridas, se privilegia negros, pardos e indígenas que já concluíram o ensino médio, ou seja, justamente aqueles que já se encontram melhor situados do que a imensa maioria que sequer termina o ensino fundamental. Estes, especificamente, não têm nada, não ganham nada e ainda têm que sofrer com um lixo de ensino, haja vista as péssimas colocações que a educação brasileira alcança em rankings e avaliações internacionais. Portanto, se quisessem, realmente, melhorar a condição de vida desses “desprivilegiados”, o ensino básico (fundamental e médio) é que deveriam ser melhorados, muito. Nada disso é feito porque, entre outros problemas, teria que se brigar com uma categoria organizada e extremamente avessa às mudanças formada pelos professores.

Ainda dentro da perspectiva de Esquerda, calcada na redistribuição compulsória de renda, se fosse para atingir resultados mais tangíveis e não estimular o preconceito e retórica racista de “eu sou negro”, “seu mérito e sucesso são herdados da exploração que seus antepassados cometeram contra os meus” ou argumentos similares, as cotas sociais seriam mais eficazes. Mas aí, nem sempre pardos, negros e indígenas seriam os maiores beneficiários. Basta pensar que em estados como Santa Catarina, com maioria absoluta de brancos, os pobres deste grupo é que seriam os mais atingidos por tais programas.

O passado de riqueza da Suécia pode não ser suficiente para garantir sua prosperidade

Muitos acham indevidas as comparações entre a violência étnica na Suécia após a inundação de sua população por refugiados e imigrantes. Deixe-me explicar um coisa, comparar é justamente o que se faz com realidades diferentes para se avaliar causas, processos e resultados similares e/ou distintos. Se procurássemos só realidades próximos estaríamos equiparando, o que não é o caso entre Brasil e Suécia. É claro que as causas da violência neste e naquele país são pra lá de diferentes, ninguém negou isto! O que se tem que avaliar é que há processos similares, quer seja pelo “garantismo jurídico” que trata bandidos como “vítimas sociais” aqui no Brasil, quer seja pelo ressentimento que povos de Primeiro Mundo têm com relação aos imigrantes por vê-los como “vítimas históricas” na Suécia e na Europa Ocidental, o resultado é um: o recrudescimento da violência.

Pode ser diferente? Sim, pode. Mas para tanto, imigrantes e pobres não têm que ter privilégios e benefícios têm que estar computados em um processo de crescimento intelectual e pessoal, isto é, como estudos garantidos para incorporação no mercado de trabalho. O resto da vida cada um resolve e desenvolve como quer, desde que não se agrida quem pensa diferente. Portanto, se a tua religião — ou a maneira como interpreta sua religião — atenta claramente contra o modo de vida do país que o recebeu ou se tua posição na escala social dificulta seu crescimento profissional e qualidade de vida, tu só pode ter um caminho: o trabalho independente com respeito às demais culturas todas sob a mesma lei. Se não for assim, meu caro, volte para o buraco de onde veio.

E, ironicamente, o que está na raiz disto tudo é uma forma inconfessa de elogio, a inveja. Quando eu invejo alguém, eu queria ser esse alguém, mas como não posso, quero destruí-lo. É isso que está na raiz de toda essa violência.

Abraço,

Anselmo Heidrich

16–08–2018

Brasil e Suécia: semelhança na estupidez

Ontem, a Suécia foi atacada em várias cidades. Apartamentos, escolas, hospitais foram alvos, carros foram incendiados e menos de 6 terroristas (tem algum nome melhor?) foram detidos. Descrição dos indivíduos? Nenhuma. E quando é assim, podes saber que são imigrantes ou descendentes de. Não se trata de preconceito ou discriminação, essa é a política do país de miolos-moles em que se transformou a Suécia. E não é de hoje.

Lembro-me quando discutia isso questão de um, dois anos atrás e um desses cegos, um brasileiro que migrou para aquele país logo se defendeu dizendo que o Brasil é muito mais perigoso e violento. Ora! Bem sei eu disto. Maior número de homicídios do mundo, capitais brasileiras entre as cidades mais violentas do mundo etc. Mas não se trata disto, de comparar o que é melhor e o que é pior, mas de como e porque eles, cidadãos de um país de altíssimo nível passam por um processo de franca decadência em sua qualidade de vida. 

Se conversar com um sueco é bem possível que encontres um dos tipos mais politicamente corretos que existem. Ao mesmo tempo que pesquisas de opinião apontam uma população feliz, ela também se descreve, humildemente, como um povo que não põe sua cultura em posição hierárquica superior. E eu acredito em sua sinceridade. Não estou sendo cínico ou irônico, acho que realmente atingiram um estado de consciência coletiva admirável, mas esse bom senso não é imune a um “bom mocismo” que trouxe fragilidade e insegurança a sua sociedade.

Quando se fala em Síndrome de Estocolmo, comportamento descrito após uma cidadã sueca ter sido sequestrada e nas negociações adotar o ponto de vista e defesa dos sequestradores pode se concluir que não é algo de hoje, não é algo que se possa descrever como um “fenômeno pós-moderno”, não! Uma coisa que precisa ficar bem clara é que ideias de hoje regam o solo de ações futuras.

Como que se pode achar que invasões à propriedade em um país como o Brasil têm aceitação de parte da população que também tem suas propriedades privadas?! Isto foi disseminado por intelectuais, professores, artistas, juristas que foram alunos daqueles professores, formadores de opinião, produções culturais, filmes, peças, músicas etc. que popularizaram e massificaram ideias de vitimização de parte da sociedade em relação às “elites”, essa névoa conceitual que basta ter mais recursos que “o outro” para ser enquadrado como tal.

E por que vocês acham que este tipo de pensamento infecto que parece expandir colônias de fungos no cérebro de imbecis é exclusividade tupiniquim? Não, não é. Por sorte histórica, talvez meramente cronológica, a mentalidade vitimista não chegou antes do ímpeto industrial e comercial dando tempo para países como a Suécia se desenvolverem. A diferença entre nós, brasileiros e eles, suecos neste quesito em que a ideologia da “justiça social” como mera transferência de renda, indenização da “dívida histórica” e cotas, cotas e mais cotas para as supostas “vítimas” é que os suecos têm seus imbecis endinheirados e os brasileiros seus imbecis pauperizados. Mas tanto em um como em outro caso, a falta de conhecimento amplo das relações sociais em diferentes sociedades e épocas fez ambos os grupos, uma bela massa de manobra.

No Brasil se acredita que os ricos do setor privado, pois do setor público não são sequer vistos como tais têm a obrigação de prover com mais recursos os pobres e etnias que carregam o estigma de “injustiçados”. Na Suécia há uma culpa presente no tecido social de que eles devem fazer algo para compensar as “injustiças históricas”, muito embora aqueles tontos não tenham tido colônias de além-mar para explorar na Idade Moderna.

O resultado está aí, enquanto nós brasileiros temos leis frouxas e um garantismo jurídico que permite visitas íntimas e auxílio-reclusão maior que o salário-mínimo, o sueco chega a pagar mais pelo auxílio aos refugiados no seu país do que tudo que é gasto com segurança pública. Enquanto suas cidades são vítimas do caos generalizado imposto por gangues dos “indizíveis”, já que a politicamente correta imprensa sueca se recusa (e deve ser obrigatório) dar nome aos bois, aqui em Pindorama, a diluição da violência é tamanha que estamos acostumados a cifras de homicídios dignas de guerras civis.

A frieza dos números ainda aponta a Suécia como muitíssimo mais segura do que o Brasil, nunca neguei isto. Números são números, mas só um cego, ignorante, imprudente e moralmente incapaz de ver o risco que seus filhos correm para fechar os olhos a tormenta que se avizinha. Só espero que inocentes não paguem com a vida ao serem atingidos por seus raios.

Anselmo Heidrich

14–08–2018

Demografia e Decadência

 

Não há muito a prever, mas há muito a dizer. A demografia é daquelas condições da qual não se pode ignorar, não para quem deve se dizer estadistaou para os que desejam um desses para nosso país. Portanto, sonde seu candidato nesse e outros temas, ao invés de buscar suas qualidades míticas…

O site UOL divulgou pesquisa sobre as tendências da composição etária do país, principalmente na distribuição de jovens e idosos (mais de 65 anos). Isto é, mantido o atual ritmo de declínio das taxas de natalidade e mortalidade, em um prazo de duas décadas, o Brasil será um país com mais idosos do que jovens na grande maioria de seus estados. E isto nos convoca, sim, se trata de um verdadeiro chamado a Razão para que reformas sejam, urgentemente, feitas. Urgentemente.

O que sustenta nosso esquema (público) de aposentadorias é a tributação da parcela ativa (trabalhadora) da população e, claro, devidamente registrada no Ministério do Trabalho. Que há mais gente trabalhando do que temos com carteiras profissionais não há dúvida, mas para o esquema de funcionamento da pirâmide da previdência só contamos com os que pagam impostos e têm parcelas recolhidas diretamente na fonte. Pensando desta forma limitada, sem considerar esquemas alternativos, privados ou mistos na previdência social, a fórmula atual é uma bomba relógio pronta para estourar, na qual teremos muito em breve (em termos históricos), idosos na mais completa situação de penúria.

São apenas cinco mandatos presidenciais para tentarmos reverter este quadro. Se a Reforma da Previdência não for feita agora ou no próximo mandato, essa gente vai simplesmente apodrecer e morrer em casa, mesmo porque a mão de obra da saúde não ficará aqui vendo o navio afundar. A relação entre idosos e jovens vai mudar completamente. Hoje temos cerca de 43% de idosos em relação ao total de jovens, mas em 2031, tende a ser mais de 100%. Segundo a matéria:

A projeção é feita com base no índice de envelhecimento da população, que é a razão entre os dois grupos etários. Atualmente, o indicador é de 43,2% de idosos com 65 anos ou mais para cada cem crianças de até 14 anos. Daqui a 21 anos, na média nacional, a estatística ultrapassaria os 100%. [IBGE projeta Brasil com mais idosos do que crianças em 21 anos]

Obviamente, que a mudança não é uniforme, o Rio Grande do Sul já superará a marca em 2029, Rio de Janeiro e Minas Gerais, quatro anos mais tarde. Essa é a tendência geral para todos os estados brasileiros, com exceção de Amazonas e Roraima que em 2060 ainda teriam mais jovens que idosos, mas como se diz, serão exceções que confirmariam a regra, caso as atuais tendências se mantenham. Agora, já lhes passou pela cabeça a extinção do gaúcho e a formação de um estado-pária em Roraima?

O gaúcho vai se extinguir, pois tendo mais idosos que jovens por volta de 2030, a população declina, morrendo dois para cada um que permanece vivo. Brincadeira… Temos que considerar a imigração no cálculo, mas não resisti ao comentário só para irritar meus conterrâneos tradicionalistas. O fato é que a população do estado não é formada só pelo crescimento vegetativo (natalidade menos mortalidade), a própria colonização no seu passado veio de outros estados, como os Bandeirantes.

Agora, o que é um estado? Uma de suas condições necessárias, em tese é a capacidade de auto-financiamento, de gerar receita própria — calma! eu disse, “em tese” — o que não se observa em estados como Roraima e que tende a piorar com isso. Imagine a vida do jovem nesse estado que hoje tem mais de 34 áreas indígenas que perfazem mais de 46% do seu território, alguma chance de se empregar e crescer trabalhando? Alguém quer fazer um bolão para apostar que mais gente irá resgatar sua “ancestralidade indígena” para viver de algum esquema de financiamento?

Outra desigualdade induzida — por quem? ora, pelo estado-provedor — é a diferença no tratamento entre homens e mulheres. Se atualmente as mulheres (79,8 anos) vivem em média quase sete anos a mais que os homens (72,7), por que diabos podem se aposentar mais cedo? E essa diferença está prevista para se manter até 2060 (84,2 para as mulheres; 77,9 para os homens). Ok, se ainda pensam que há razão para isso, mas onde deveriam enfiar aquele discurso de que elas “são iguais aos homens”?

E por fim, mas não finalmente, mais um alerta para quem acha que basta transferir recursos de outros setores (afinal é assim que se faz por aqui) para a previdência social. A conta não aumentará apenas porque teremos mais idosos, mas porque o número de dependentes aumentará:

Em 2060, o país teria 67,2% de cidadãos considerados dependentes (acima dos 65 ou abaixo dos 15 anos) para cada cem pessoas em idade de trabalhar. A razão de dependência hoje é de 44%.

Pior que isso? Sei lá, talvez um apocalipse zumbi… Piorado, com residentes das casas de repouso fugindo dos morto-vivos com seus andadores. Ou seja, em um cenário futurista do Brasil, a série Walking Dead não teria graça nenhuma, tamanha a disparidade de chances entre caça e caçadores.

Anselmo Heidrich

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