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Anselmo Heidrich

Defendo uma sociedade livre baseada no governo limitado e estado mínimo.

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Saúde

O retorno às aulas será feito de modo eficaz e seguro?

Funcionário dedetiza sala de espera de posto de saúde no Recife (Foto: Chico Bezerra/Prefeitura de Jaboatão). Teremos o mesmo procedimento de segurança nas escolas?

“‘Nas classes sociais mais vulneráveis as escolas cumprem importante papel de acolhimento e suporte às crianças e aos adolescentes, além de liberar os demais membros da família para que possam cumprir com seus compromissos profissionais. Nossa preocupação é fazer tudo dentro do mais absoluto rigor das normas sanitárias’, afirma.”

Maravilha, mas… uma pergunta de quem não quer calar: o distanciamento interno à sala de aula, como é feito nos países onde as aulas não pararam e/ou retornaram, vai ser adotado? E isto implica em menos alunos por sala.

Teremos acesso à enfermaria ou enfermeiro de plantão com acesso rápido?

As máscaras serão mantidas em crianças de 5 anos, que são obrigadas por força de lei, a frequentar escolas? (Boa oportunidade para discutir o homeschooling ou um sistema misto.)

E esta eu quero ver: o monitoramento da temperatura na porta da escola vai ser observado em escolas públicas onde as mães e pais que deixarão seus filhos têm horários a cumprir e não poderão retornar com elas para casa, caso haja alguma elevação da temperatura ou sinal de estar febril?

E se for em escolas particulares, nas quais os pais sequer descem dos carros e as filas são formadas com veículos passando e descarregando crianças, como farão? O que fará o “tio” da van que deixa várias crianças na porta da escola, se uma delas for percebida com febre, dará meia volta e a levará de volta para seu condomínio?

E, não custa perguntar, como as mães zelosas, que não são meros profissionais autônomos, mas juízes e procuradores e promotores irão reagir se suas crianças forem obrigadas a permanecer em casa durante uma semana, após o retorno às aulas, caso sejam detectados sinais de temperatura alta? Porque, pela minha experiência, é fácil ser intimidado neste país.

Retorno SIM, mas com regras aplicadas EFETIVAMENTE para todos e não apenas, como já é tradicção neste país, para inglês ver.

Sobre: Retorno das aulas presenciais em Santa Catarina é autorizado https://omunicipio.com.br/retorno-das-aulas-presenciais-em-santa-catarina-e-autorizado/ via @O Município

Imagem (fonte): https://voxms.com.br/pandemia/ibope-83-da-populacao-defende-o-uso-de-mascaras/

Rodrigo da Silva (Spotniks) e seu Viés de Seleção

Ciência é algo que se constrói com testes de várias hipóteses até que uma explicação razoável se estabeleça e resista. Acompanhemos este raciocínio:

Mais uma confusão entre correlação e causalidade. Neste artigo, comento a confusão de um liberal sobre a pandemia e a repressão política, que se explica por um raciocínio viciado que não sabe separar os fenômenos.

Leram direitinho? Ok, agora minha análise:

Bem… O que eu acho disso, Rodrigo da Silva fala de um assunto, mas inicia sua ‘thread’ sobre outro assunto. Ele inicia, textualmente, escrevendo que a “culpa pela pandemia do Coronavírus no munto tem nome e sobrenome. É o Partido Comunista Chinês”, mas ao longo do texto se vê que ele não fala absolutamente nada das condições sanitárias e microbiológicas (como os vídeos do Átila, do canal Nerdologia). Ou seja, ele está falando (acertadamente) de como o governo chinês escondeu informações importantes, o que é diferente de explicar as razões do surgimento da epidemia (que depois virou pandemia).

A China é um celeiro de doenças, a própria Peste Bubônica (“peste negra”) começou lá e numa época ainda distante do que seria o comunismo. Se há algo que se liga ao surgimento dessas epidemias é o tradicionalismo e não há nada que ligue, a priori, o hábito de comer animais silvestres e a falta de higienização com o comunismo. Acho que no afã de criticar o comunismo, o Rodrigo misturou alhos com bugalhos. Realmente, a falta de informação pesou e pesará, mas as doenças não são produto do comunismo.

Veja esta matéria do The Atlantic, mostrando como Trump desdenhou da pandemia para depois aceitá-la e se desdizer, mentindo que sempre soube que se tratava de algo grave (diferente do nosso asno eleito):

Notes: 2020 Time Capsule #4: Trump Is Lying, Blatantly, by @jamesfallows https://www.theatlantic.com/notes/2020/03/2020-time-capsule-4/608197/?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_campaign=share

Agora o meu ponto: se o raciocínio do Rodrigo Silva, de que o Partido Comunista Chinês foi o responsável pela pandemia for correto, então, o liberalismo americano também é menos eficaz que o sistema capitalista da Coreia do Sul, pois lá, com um sistema de saúde público mais estatizado que o americano, a cobertura de exames preventivos chega a 130 vezes o que se faz nos EUA, com um PIB muito maior. Ou seja, usando a mesma lógica do Rodrigo, fazendo este link sitema-doença, então é possível se dizer que o sistema público de saúde é mais eficaz que planos privados.

Reitero que a parte do que concordo com ele é sobre a falta de trasnparência do sistema, a repressão do partido comunista, mas não que ele seja um causador da pandemia.

O que o Rodrigo da Silva fez foi o que chamamos de “viés de seleção”, ele selecionou dados que lhe interessavam para justificar sua tese. Ele buscou os casos políticos de repressão, mas ignorou o histórico de saúde pública que antecede o sistema que quis criticar.

All my faults weren’t for stupid beliefs

I worked for many years in São Paulo, the capital, as a teacher in the pre-university network of various courses. In ten years I had a single fault because I had to go to a hospital. I was “locked” in the back, in the lower back for lack of stretching. I drove a lot and spent a lot of time sitting at my computer at home, and I completely neglected to exercise regularly until I was 28 years old. When I turned 30 onwards, the pace of work that set me apart took me away from the physical activities necessary for good health.

At about 28 years old I also had a benign tumor that led to surgery and at about 47 years old, a malignant tumor called the Right Parotid Pleomorphic Adenoma, a rare case in the world, one in only 200, appeared in the same place. I was told, harder than winning at Mega-Sena. My surgery lasted 12 hours and there were three specific surgeons, one head and neck, one ear and one plastic. The right side of my face was partially paralyzed, the sural nerve was removed from the left leg, and was placed as a conduit to turn on the innervation, recovering part of the movements. left. Then another month with radiotherapy sessions and four more chemotherapy sessions. Also pain medications for recovery and treatment against side effects on the face, including dental due to radiation.

All this, all this story for later a jerk come to prescribe me a “good tea to prevent cancer”. Of course, good nutrition, exercise, and most likely mental health nowadays should prevent certain conditions, but cancer is not quite so. Except for those cases where there are cancer-forcing agents, there are cases where you are simply scheduled to have it from birth. This is not to say that you do not have to fight the disease and do everything possible to avoid it, or rather delay it. When I see, for example, people who stop coming to work or apologize for the flu, but when you severely question them they confess that they “don’t take medicine” and have a clear prejudice against them is just a disgust. Buster thing on its own merits and it is for those who I drive this message to: be ashamed to use excuses not to medicate yourself. If a doctor doesn’t like you, look for another, but don’t abandon science. I consulted with three doctors until I had confidence in the one who had the most conservative, that is, the most pessimistic speech. Because if I do not understand the subject, I will always bet on the one who gives me the most difficult information to digest as when I was accompanied by the oncologist who, so lost that I was left with my case, began to philosophize because there was simply almost nothing to tell me.

If one of these anti-drug suckers saw, for a month, children in aprons and sneakers slipping through the waxed corridors of the hospital I was in Sao Paulo, children 10 and under with a frightened look at all that machinery, then I would not be patient if come to piss me off with this tea talk. Right now as I write this I drink my mate and at night more tea, but not because I think this will prevent me from cancer. I simply take it because I like the bitter taste (boldo is my favorite tea) and the habit helps me to reflect even against the imbecilities of the contemporary world with these new beliefs that disregard centuries of scientific and technological development. It is a global anti-Enlightenment movement that can cause us similar damage to climate cataclysms. These jerks will still boast more of their ideas and form armies of anti-vax natures that demonize antibiotics and don’t even take an anti-inflammatory, but they think that lying at home watching Netflix will deliver you from evil, amen! Bunch of fools!

A few weeks later I approached the head doctor of my accompanying surgery and questioned him, looking him in the eye, so that he could not hide behind any resident doctor:Doctor, what are the chances of survival?

— 60% after 5 years.
— “Does this mean that in my case 6 survive out of 10 in less than a decade?”
— Yes.
— Thank you, then.

After seven years I just have to thank all the hospital staff, doctors, nurses, psychologists, dentists, physiotherapists, administrators, cleaners and security guards. Everyone who knew that many of the greeting faces would not see after a while, many of which would come out of this ground beneath him or in the air after being burned. Anyway, here we are, without making soft body and it can be another decade that I will not miss more than a day or less.

Anselmo Heidrich
Oct 28 19

Imagem: “arbusto de boldo” (fonte): https://pixabay.com/pt/photos/boldo-arbusto-folhagem-jagoda-lama-1593559/

Minhas faltas não foram por crenças estúpidas

Trabalhei muitos anos em São Paulo, capital, como professor da rede pré-vestibular de vários cursos. Em dez anos eu tive uma única falta porque fui obrigado a ir a um hospital. Fiquei “travado” nas costas, na região lombar por falta de alongamento. Dirigia muito e passava muito tempo sentado em casa em frente ao computador e me descuidei completamente de exercícios que fazia com regularidade até meus 28 anos. Quando fiz 30 anos em diante, o ritmo de trabalho que me impus me afastou das atividades físicas, necessárias a uma boa saúde.

Com cerca de 28 anos também tive um tumor benigno que me levou a uma cirurgia e com cerca de 47 anos, no mesmo local surgiu um tumor maligno chamado Ex Adenoma Pleomórfico de Parótida Direita, caso raro no mundo, um entre apenas 200. Pelo que me disseram, mais difícil que ganhar na Mega-Sena. Minha cirurgia durou 12 horas e foram três cirurgiões específicos, um de cabeça-e-pescoço, outro de ouvido e mais um plástico. O lado direito de meu rosto ficou parcialmente paralisado, foi retirado o nervo sural da perna esquerda e colocado como conduíte para ligar a enervação recuperando parte dos movimentos, a retirada do tumor deixou um vazio sem carne e músculos preenchido depois por um retalho da minha coxa esquerda. Depois, mais um mês com sessões de radioterapia e mais quatro de quimioterapia. Além disso medicamentos para dor, para recuperação e tratamento contra efeitos colaterais na face, inclusive dentário devido à radiação.

Tudo isso, toda essa história para depois um babaca vir me receitar um “bom chá para evitar o câncer”. Claro que uma boa alimentação, exercícios e, muito provavelmente, saúde mental em dia devem evitar certas patologias, mas o câncer não é bem assim. Exceto por aqueles casos em que há forçantes que levam ao câncer, há casos em que simplesmente se está programado para tê-lo desde o nascimento. Isto não quer dizer que tu não tenha que lutar contra a doença e fazer todo o possível para evitá-lo, ou melhor, atrasá-lo. Quando vejo, p.ex., pessoas que deixam de vir ao trabalho ou aplicam uma desculpa por estarem gripadas, mas quando tu as questiona severamente te confessam que “não tomam remédio” e têm claro preconceito contra esses é um nojo só. Coisa de imbecil por mérito próprio e e é a esses que dirijo esta mensagem: envergonhem-se de usar desculpas para não se medicarem. Se um médico não lhe agrada, procure outro, mas não abandone a Ciência. Eu me consultei com três médicos até ter confiança naquele que tinha o discurso mais conservador, ou seja, o mais pessimista. Pois se eu não entendo do assunto, eu sempre vou apostar naquele que me passa as informações mais difíceis de digerir como quando eu era acompanhado pelo oncologista que, de tão perdido que ficava com meu caso, se punha a filosofar porque simplesmente não tinha quase nada a me dizer.

Se um desses otários anti-medicamentos visse, durante um mês, crianças com aventais e sapatilhas escorregando pelos corredores encerados do hospital que estive em São Paulo, crianças de 10 anos ou menos com olhar assustado frente aquele maquinário todo, daí eu não teria paciência se viesse me encher o saco com esse papo de chá. Agora mesmo enquanto escrevo isto tomo meu chimarrão e a noite, mais chá ainda, mas não porque eu ache que isto vai me evitar um câncer. Tomo, simplesmente, porque gosto do sabor amargo (boldo é meu chá preferido) e o hábito me ajuda a refletir, inclusive, contra as imbecilidades do mundo contemporâneo com estas novas crenças que fazem pouco caso de séculos de desenvolvimento científico e tecnológico. É um movimento global anti-iluminista que pode nos causar prejuízos similares aos cataclismas climáticos. Estes imbecis ainda vão alardear mais suas ideias e formar exércitos de naturebas anti-vax, que demonizam antibióticos e não tomam sequer um anti-inflamatório, mas acham que ficar deitado em casa assistindo a Netflix vai livrai-vos do mal, amém! Cambada de néscios!

Algumas semanas depois acuei o médico-chefe da minha cirurgia que me acompanhava e o questionei, olhando nos olhos, de modo que ele não pudesse se ocultar por trás de nenhum médico-residente:

— Doutor, quais as chances de sobrevida?
— 60% após 5 anos.
— Isto quer dizer que no meu caso, 6 sobrevivem entre 10 em menos de uma década?
— Sim.
— Obrigado então.

Passados sete anos só tenho a agradecer a toda equipe do hospital, os médicos, enfermeiros, psicólogos, odontologistas, fisioterapeutas, administradores, encarregados de limpeza e seguranças. Todos que sabiam que muitos dos rostos que cumprimentavam, não veriam mais depois de algum tempo, muitos dos quais sairiam deste solo para baixo dele ou no ar, após serem queimados. De qualquer forma, aqui estamos, sem fazer corpo mole e pode passar mais uma década que não faltarei mais que um dia ou menos.

Anselmo Heidrich
28 out. 19

A Crimeia sofre com desabastecimento de água

Canal Crimeia Norte, 2008.

A “ guerra da água” está em curso na Crimeia. A península pode se tornar um deserto salgado, pois os moradores já enfrentam escassez de água potável. As autoridades do Kremlin culpam Kiev pela situação e a Rússia poderá preparar um ultimato para o desbloqueio do canal de fornecimento de água, caso contrário utilizarão a força para normalizar a situação.

Com a situação crítica na península, o consumo de água já caiu cinco vezes em 2016 em comparação com 2014, a área de irrigação foi reduzida em 92% no leste e indústrias e pesca sofrem. Seu abastecimento depende das águas do Rio Dnipro, através de um canal, o Crimeia Norte, que foi fechado pela Ucrânia após a “ ocupação da Crimeia” (para os ucranianos) ou “ reanexação “ (para os russos).

Quando foi construído nos anos 60 ao norte da península, o canal não teve suas margens muito povoadas, devido à aridez da região. Mas, com sua extensão pelo Oeste, na Península de Kerch, reservatórios d’água construídos trouxeram aldeias e cidades para as vizinhanças. Uma transformação sem precedentes ocorreu, com áreas irrigadas do canal triplicando a de fontes locais. Nos melhores anos, o abastecimento chegou aos 3 bilhões de metros cúbicos, mas, com a escassez de recursos dos anos 80, sua ampliação foi interrompida e projetos de resorts turísticos no Sul não saíram do papel.

A importância deste canal para a região é inconteste. Atividades outrora inviáveis como a piscicultura, jardins e vinhedos se tornaram viáveis. Até mesmo a rizicultura, que demanda muita água e, portanto, impensável para o clima árido da Crimeia, foi viabilizada. Seu desabastecimento, no entanto, já vinha ocorrendo antes da ocupação da península pelos russos, em 2014, o que não se deu por nenhuma alteração climática, mas por exclusiva falta de recursos, já que as estações de bombeamento dependem de eletricidade.

Antes mesmo do conflito ser instaurado, apenas 8 dos 23 reservatórios disponíveis foram completados com água. Claro que, depois da ocupação, a Ucrânia bloqueou completamente o canal, em abril de 2014, e o governo ucraniano ainda construiu uma barragem permanente no canal para evitar qualquer perda de água que, porventura, viesse a passar em direção à Crimeia, em 2015. A justificativa foi para aumentar a área irrigada do Oblast* de Kherson, ao norte da península.

Canal Crimeia Norteparte do Rio Dnipro até o extremo leste na Península de Kerch.

Segundo especialistas, sem a água do Rio Dnipro, que abastecia o canal atualmente bloqueado, a Crimeia tem água para 1 milhão de pessoas, enquanto que sua população total em 2017 era de 2.340.920 (de acordo com estatísticas locais). Para Mykhailo Romashchenko, chefe do Instituto de Problemas da Água e Melhoria: “Estimamos o abastecimento de água de diferentes regiões da Ucrânia. Crimeia tem 380 metros cúbicos por pessoa por ano, enquanto 1.700 metros cúbicos por ano é considerado a norma por pessoa de acordo com a classificação da ONU. Portanto, classificamos a Crimeia como uma região com um suprimento de água catastroficamente baixo”.

As propostas de soluções russas, por sua vez, têm sido consideradas paliativas. Uma delas é o bombeamento de água subterrânea para a superfície, que está cada vez pior devido à concentração de sais minerais, processo conhecido por salinização do solo**. A intensa extração de água potável no passado também levou à substituição por água salina no subsolo. Anos de uso da irrigação geraram uma dependência, cujo corte repentino do fluxo de água teve consequências:

· Elevação do nível do lençol d’água subterrâneo nas áreas irrigadas, tornando os assentamentos nas proximidades sujeitos a inundações;

· Salinização do solo e poluição por fertilizantes e pesticidas das áreas que se tornaram agricultáveis após a irrigação;

· O fundo do canal foi revestido com placas de concreto que não foram suficientes para evitar o desperdício de água.

Outras soluções também são vistas como insuficientes, como o redirecionamento do rio local Biyuk-Karasu para o canal, a partir do sul da península, já que parte da água se perde no percurso devido à evaporação. Ou ainda a construção de outro canal, o Krai de Krasnodar, na Rússia, do outro lado do Estreito de Kerch, mas que também se trata de uma região árida, sem a quantidade necessária de água.

Há perdas na produção agrícola, com o abastecimento de água que é priorizado ao consumo humano, fábricas que precisam de refrigeração têm o risco de fechamento, hotéis e atividade turística também sofrem com prejuízos etc. Moradores locais já utilizam água salgada para parte de suas necessidades e o processo de dessalinização terá que ser adotado, apesar de caro.

Sem solução diplomática à vista, a crise política na península já extravasou para um conflito ambiental, uma vez que a dependência hídrica era garantida pelo abastecimento de água da Ucrânia, atualmente embargada.

A militarização da região devido à disputa, inclusive de reservas de gás e petróleo no mar territorial da Crimeia, tende a complicar a situação, antes restrita ao uso territorial como base de apoio ao controle do Mar Negro, particularmente pelo porto de Sebastopol. Por enquanto, a principal aposta ucraniana tem se limitado à busca de apoio na União Europeia e Estados Unidos, através da imposição de sanções econômicas.

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Notas:

é uma divisão política e administrativa do território em países eslavos e da ex-União Soviética, equivalente aos nossos estados, ou a províncias.

** Salinização do solo: durante o transporte, os sais minerais dissolvidos na água são carregados para o solo e depositados nos horizontes inferiores — camadas mais profundas — do solo. No entanto, sem retorno do fluxo, a umidade do solo evapora e a concentração desses sais aumenta, prejudicando a atividade agrícola, outrora beneficiada e agora prejudicada pelo declínio da irrigação.

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Fontes das Imagens:

Imagem 1 Canal Crimeia Norte, 2008” ( Fonte): https://commons.wikimedia.org/wiki/File:%D0%A1%D0%B5%D0%B2%D0%B5%D1%80%D0%BE-%D0%9A%D1%80%D1%8B%D0%BC%D1%81%D0%BA%D0%B8%D0%B9_%D0%BA%D0%B0%D0%BD%D0%B0%D0%BB.JPG

Imagem 2 Mapa do Canal Crimeia Norteparte do Rio Dnipro até o extremo leste na Península de Kerch” ( Fonte): https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Nord-Krim-Kanal.png


Originally published at https://ceiri.news on July 17, 2019.

Você ainda tem esperança de que o Brasil se torne um país de excelência em saúde, educação e segurança nos próximos 30 anos?

Minha resposta a Você ainda tem esperança de que o Brasil se torne um país de excelência em saúde, educação e segurança nos próximos 30 anos? O que o leva a pensar assim? https://pt.quora.com/Voc%25C3%25AA-ainda-tem-esperan%25C3%25A7a-de-que-o-Brasil-se-torne-um-pa%25C3%25ADs-de-excel%25C3%25AAncia-em-sa%25C3%25BAde-educa%25C3%25A7%25C3%25A3o-e-seguran%25C3%25A7a-nos-pr%25C3%25B3ximos-30-anos-O-que-o-leva-a-pensar-assim/answer/Anselmo-Heidrich?srid=n4EX2

Tudo depende de ações de longo prazo e reformas estruturais, o problema é que isso passa pela ação política. P.ex., vivemos um momento histórico de transição, para uma economia mais livre, mas para tanto o Congresso, venal que temos, tem que agir cortando na carne, nem tanto dos parlamentares, mas de seus assessores e escalões inferiores do funcionalismo público de onde vem boa parte de seu apoio político através de ações clientelistas — troca de favores. 

Neste ritmo de reformas lentas, graduais, de um passo para trás para conseguir dar dois para frente, espíritos revolucionários (tanto de Direita quanto de Esquerda) acham que nada mudará, mas se observarmos como uma simples reforma da previdência pode adiantar uma enorme quantia de recursos que pode ser investida na criação de infraestrutura (portos, estradas, aeroportos, redes de transmissão etc.) e consequente atração de investimentos (diretos e indiretos, em produção e meros investimentos especulativos), o cenário se modifica para quem observa. 

A saúde é mais objetiva, pois seus indicadores são mais claros, é talvez o mais fácil de atingir, mas para isso, certos limites à expansão de serviços caros têm que ser estabelecidos (não dá para distribuir drogas caras em detrimento de leitos hospitalares, p.ex.); a segurança pública depende de expedientes legais e tenho que dizer que precisamos reduzir a tendência jurídica chamada de “garantista” que dá muitos benefícios, na verdade, privilégios aos condenados que os permitem estabelecer redes de contato que estruturam o crime organizado. Paralelamente, a defesa individual precisa ser garantida. Não é possível que em um país com cerca de 60.000 homicídios ao ano ainda se questione o direito à defesa (armada) do cidadão; a área educacional é a mais nebulosa porque o brasileiro mediano não a valoriza. Seja aluno de curso superior, que tem privilégios graças ao financiamento público para uma elite cursar a universidade ao pai de família da periferia urbana que acha que seu filho vai ganhar dinheiro e “fazer a vida” sem aquela “teoria chata” que “não serve para nada”. Isto se explica em parte porque o ensino técnico-profissionalizante do ensino médio foi abandonado e é neste nível de ensino que reside nosso buraco negro, em abandono e falta de direção pedagógica. Aliás, pedagogos são os responsáveis por criar teorias descoladas da realidade que pouco ou nada servem aos alunos. Se isto for questionado claramente, não vejo porque não nos tornarmos uma sociedade muito melhor em uma geração, cerca de 30 anos.

Anselmo Heidrich​
9 mai. 19

Demografia e Decadência

 

Não há muito a prever, mas há muito a dizer. A demografia é daquelas condições da qual não se pode ignorar, não para quem deve se dizer estadistaou para os que desejam um desses para nosso país. Portanto, sonde seu candidato nesse e outros temas, ao invés de buscar suas qualidades míticas…

O site UOL divulgou pesquisa sobre as tendências da composição etária do país, principalmente na distribuição de jovens e idosos (mais de 65 anos). Isto é, mantido o atual ritmo de declínio das taxas de natalidade e mortalidade, em um prazo de duas décadas, o Brasil será um país com mais idosos do que jovens na grande maioria de seus estados. E isto nos convoca, sim, se trata de um verdadeiro chamado a Razão para que reformas sejam, urgentemente, feitas. Urgentemente.

O que sustenta nosso esquema (público) de aposentadorias é a tributação da parcela ativa (trabalhadora) da população e, claro, devidamente registrada no Ministério do Trabalho. Que há mais gente trabalhando do que temos com carteiras profissionais não há dúvida, mas para o esquema de funcionamento da pirâmide da previdência só contamos com os que pagam impostos e têm parcelas recolhidas diretamente na fonte. Pensando desta forma limitada, sem considerar esquemas alternativos, privados ou mistos na previdência social, a fórmula atual é uma bomba relógio pronta para estourar, na qual teremos muito em breve (em termos históricos), idosos na mais completa situação de penúria.

São apenas cinco mandatos presidenciais para tentarmos reverter este quadro. Se a Reforma da Previdência não for feita agora ou no próximo mandato, essa gente vai simplesmente apodrecer e morrer em casa, mesmo porque a mão de obra da saúde não ficará aqui vendo o navio afundar. A relação entre idosos e jovens vai mudar completamente. Hoje temos cerca de 43% de idosos em relação ao total de jovens, mas em 2031, tende a ser mais de 100%. Segundo a matéria:

A projeção é feita com base no índice de envelhecimento da população, que é a razão entre os dois grupos etários. Atualmente, o indicador é de 43,2% de idosos com 65 anos ou mais para cada cem crianças de até 14 anos. Daqui a 21 anos, na média nacional, a estatística ultrapassaria os 100%. [IBGE projeta Brasil com mais idosos do que crianças em 21 anos]

Obviamente, que a mudança não é uniforme, o Rio Grande do Sul já superará a marca em 2029, Rio de Janeiro e Minas Gerais, quatro anos mais tarde. Essa é a tendência geral para todos os estados brasileiros, com exceção de Amazonas e Roraima que em 2060 ainda teriam mais jovens que idosos, mas como se diz, serão exceções que confirmariam a regra, caso as atuais tendências se mantenham. Agora, já lhes passou pela cabeça a extinção do gaúcho e a formação de um estado-pária em Roraima?

O gaúcho vai se extinguir, pois tendo mais idosos que jovens por volta de 2030, a população declina, morrendo dois para cada um que permanece vivo. Brincadeira… Temos que considerar a imigração no cálculo, mas não resisti ao comentário só para irritar meus conterrâneos tradicionalistas. O fato é que a população do estado não é formada só pelo crescimento vegetativo (natalidade menos mortalidade), a própria colonização no seu passado veio de outros estados, como os Bandeirantes.

Agora, o que é um estado? Uma de suas condições necessárias, em tese é a capacidade de auto-financiamento, de gerar receita própria — calma! eu disse, “em tese” — o que não se observa em estados como Roraima e que tende a piorar com isso. Imagine a vida do jovem nesse estado que hoje tem mais de 34 áreas indígenas que perfazem mais de 46% do seu território, alguma chance de se empregar e crescer trabalhando? Alguém quer fazer um bolão para apostar que mais gente irá resgatar sua “ancestralidade indígena” para viver de algum esquema de financiamento?

Outra desigualdade induzida — por quem? ora, pelo estado-provedor — é a diferença no tratamento entre homens e mulheres. Se atualmente as mulheres (79,8 anos) vivem em média quase sete anos a mais que os homens (72,7), por que diabos podem se aposentar mais cedo? E essa diferença está prevista para se manter até 2060 (84,2 para as mulheres; 77,9 para os homens). Ok, se ainda pensam que há razão para isso, mas onde deveriam enfiar aquele discurso de que elas “são iguais aos homens”?

E por fim, mas não finalmente, mais um alerta para quem acha que basta transferir recursos de outros setores (afinal é assim que se faz por aqui) para a previdência social. A conta não aumentará apenas porque teremos mais idosos, mas porque o número de dependentes aumentará:

Em 2060, o país teria 67,2% de cidadãos considerados dependentes (acima dos 65 ou abaixo dos 15 anos) para cada cem pessoas em idade de trabalhar. A razão de dependência hoje é de 44%.

Pior que isso? Sei lá, talvez um apocalipse zumbi… Piorado, com residentes das casas de repouso fugindo dos morto-vivos com seus andadores. Ou seja, em um cenário futurista do Brasil, a série Walking Dead não teria graça nenhuma, tamanha a disparidade de chances entre caça e caçadores.

Anselmo Heidrich

Saúde em Cuba? Não, obrigado!

No Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano de Apuleyo, Mendoza e Montaner tem uma análise interessante, na qual me inspirei:
“Alguém ainda pode nos sugerir que Cuba, apesar de todos ‘contratempos’ conseguiu desenvolver eficazmente um sistema social de saúde realmente popular… bem, segundo a OMS, a relação médico/habitantes minimamente aceitável deve ser de 1 para 1.000, Cuba tem 1 para 220. Isso nos levaria a uma conclusão imediatista de que a ditadura castrista teria uma notória preocupação com a saúde de seu povo? Vejamos com mais vagar: a Dinamarca que é uma reconhecida nação de primeiríssimo mundo, tem cerca de 1 médico para cada 450 habitantes. O que isto significa? Que Cuba tem um nível social melhor do que a Dinamarca? Será que a Dinamarca teria que fazer uma revolução em direção a um comunismo sanguinário emoldurado pelo paredón para aumentar a oferta de médicos ou Cuba é quem tinha que aprender e aprimorar o conceito de eficácia de seus médicos não inflando a estrutura estatal de funcionários ineficazes? Mas o que se pode esperar de um país que tem como emprego ‘entregador de senha’ para ser atendido em seus botecos com o pôster de Che Guevara emoldurando as paredes? Insano, simplesmente insano.”
Anselmo Heidrich

Caranguejos e Dignidade

Na década de 30, o médico endocrinologista, Josué de Castro fez um estudo sobre a população de baixa renda da cidade de Recife, o que significava 1/3 do total. Esses pobres eram migrantes do interior que não conseguiam área mais adequada para residir e viviam em beiras de rios inundáveis e mangues se alimentando, basicamente, dos crustáceos encontrados ali e na vazante das marés. Como a principal fonte de alimento desses animais era constituída pelos dejetos humanos ali encontrados, as fezes se formava um ciclo descrito por Josué, o “ciclo do caranguejo”, responsável pela alimentação com baixo valor nutricional para a população local.

Com o passar das décadas, alguma coisa mudou, as submoradias foram subindo os terrenos formando as favelas como conhecemos no Rio de Janeiro e outras grandes cidades brasileiras, mas os ‘ciclos’ são constantemente recriados: se hoje não são caranguejos e fezes temos no país inteiro bolsas-família e populismo que ‘nutrem’ estas populações com renda, mas de baixa qualidade, pois não provém de um papel produtivo e mesmo que fosse maior não produziria a dignidade que só quem trabalha sabe o que significa. Por isso, o terceiro elemento ausente nos antigos mocambos recifenses, mas abundante nas atuais periferias brasileiras: a ideologia que se faz necessária para nossos miseráveis finalmente acreditarem que merecem as esmolas e toda sua dignidade se resume numa equação assistencialista.

Rompa com isto, rompa com o PT.

 

Anselmo Heidrich

 

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